O DESFRALDE NEM SEMPRE É FÁCIL...
Maternidade
Faz hoje uma semana que o Gui deixou finalmente as fraldas... É verdade, 1 semana! Nunca imaginámos que fosse ser algo tão complexo para o Gui...
Começamos o desfralde em Fevereiro de 2019 quando o Gui começava a manifestar sinais de que em breve iria controlar os esfíncteres, pois sentia quando ía fazer xixi... Nunca o pressionámos, mas com o tempo a passar ele quase a completar 3 anos, queríamos que ele deixasse as fraldas antes do nascimento do Martin e antes de entrar para a escolinha... Mas acabou por se tornar uma missão impossível...
O xixi até que não foi muito difícil, demorou cerca de 3 meses, volta e meia acontecia um acidente, nada que não fosse natural... Mas o cocó revelou-se um processo bastante complexo...
Na realidade, quando o Gui passou a fazer xixi no pote também controlava o cocó, sabia perfeitamente quando tinha vontade pois pedia uma fralda, escondia-se no quarto ou atrás de um objeto e depois pedia-nos para o trocar... Quando tinha escola pedia a fralda antes de ir para a escola ou quando chegava a casa, e fazia... O Gui tinha muito medo de fazer cocó no pote e cada vez que tentávamos abordar o assunto ele evitava falar nisso e dizia que tinha "muito medo"... Medo?! Mas medo de quê?!
Pesquisei sobre o assunto, falei com a Pediatra e descobrimos que este "medo de fazer cocó no pote/wc" era muito mais frequente do que imaginávamos, por isso tínhamos que ser pacientes... Tentamos de tudo para desmistificar este medo... Negociamos com mil e uma coisas, desde prendinhas, a ver desenhos animados, a colar autocolantes num calendário como forma de recompensa e tantas coisas mais... Às tantas já não éramos só nós que lhe prometíamos coisas giras para ele deixar de uma vez por todas as fraldas... O Gui até ficava entusiasmado com a ideia, mas assim que tinha vontade o medo de fazer cocó fora da fralda era superior.
Andávamos há meses em negociações... Claro que não o fazíamos todos os dias pois sabíamos que não adiantava de nada colocá-lo sob pressão, muito pelo contrário, corríamos o risco de o "assustar" mais...
O tempo foi passando e nós só conseguíamos pensar que o Gui estava prestes a completar 4 anos e ainda não tinha feito o desfralde... Começamos a conversar ainda mais com ele, tentamos lhe mostrar como iria ser bom para ele fazer cocó na sanita... E quando faltava um mês para completar 4 anos, o Gui começou a revelar um "medo menor"... Aquele "medo" já não era tanto "medo", era sim uma grande teimosia que ele tinha necessidade de mostrar para se impôr (não fosse o Gui um grande teimoso)!
Sentimos que a hora do desfralde poderia estar para chegar, mas tínhamos que lhe dar um empurrãozinho... Aproveitamos a pandemia para lhe dizer que as fraldas estavam a acabar e que não podíamos ir comprar mais... Andamos nisto uma semana... Uns dias funcionava, outros não... Até que um dia ele ficou zangado e não fez cocó o dia todo... Nesse dia, percebi que não adiantava mais tentar negociar com ele, falei com o R. e decidimos que o melhor era falar com o Gui e dizer-lhe que agora só dependia dele ir à casa de banho pois nós não íamos falar mais desse assunto...
E assim foi, de um dia para o outro o Gui começou a ir à casa de banho, sem pedir se quer ajuda, pois segundo ele "o Gui não precisa de ajuda, ele consegue ir sozinho"... Já lá vai uma semaninha que isto aconteceu, e eu estou muito orgulhosa por ele ter conseguido ultrapassar esse "medo"!
Por isso, se estiver numa situação semelhante saiba que não adianta forçar, mesmo quando a criança sabe que pode, porque se ela não quer, se sente medo, insegurança, ou mesmo dor, ela vai tentar segurar o cocó. É preferível colocar a fralda do que obrigar a criança a ir à casa de banho e acabar com uma evacuação dolorosa e traumática.
Não vale a pena tentar culpabilizar-se nem achar que a criança está grande de mais para usar fraldas. Cada criança tem o seu próprio ritmo, por isso o melhor é ser paciente e saber apoiar a criança. O desfralde exige paciência, dedicação e esforço, tanto dos pais quanto da criança.