Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

ENTRE O MEDO E A CORAGEM

COVID -19

Faz hoje exactamente um mês que recomecei a trabalhar, depois de um longo período de ausência por causa do "congé parental" que usufruí com o nascimento do Martin... Por esse motivo, não estive presente na primeira vaga da Pandemia, mas confesso que tive receio que o Estado fizesse uma requisição aos profissionais que não estavam a exercer funções na altura... Não foi o caso, acabei por usufruir desta licença até ao final, tal como tínhamos planeado, mas sabia que mais tarde ou mais cedo teria que enfrentar de perto esse inimigo tão temido...

 

Confesso que não pensei muito no meu regresso ao trabalho, até porque com o Gui e o Martin sempre cheios de energia mal tive tempo para o fazer... Mas talvez tenha sido melhor assim...  O facto de ter recomeçado a trabalhar já nesta segunda vaga, ajudou-me a enfrentar este medo com muita mais facilidade, estava rodeada por colegas que tinham estado na primeira, o que me deu uma certa confiança para não temer tanto o medo de ser contaminada ou contaminar os outros... 

 

Voltar a trabalhar no hospital tornou-me mais propícia a ter o vírus sim, a contrair a doença... Mas pior mesmo é lidar diretamente com o sofrimento dos pacientes que estão longe da família porque as visitas são proibidas... No serviço onde trabalho, os idosos são maioritariamente confusos, perguntam ou chamam pelos familiares vezes sem conta, muitos não percebem porque ninguém os vai visitar, e nós, profissionais de saúde, temos que tentar minimizar essa dor, estando mais juntos deles, transmitindo o nosso carinho, dando uma palavra amiga, mesmo que um minuto depois tenhamos que voltar a repetir o mesmo porque já se esqueceram... Mas muitas vezes, nem tempo temos para poder estar ali a "repetir o mesmo", porque os profissionais de saúde também são gente que ficam doentes, que estão cansados desta luta, e que acabam por não poder ir trabalhar... Há dias, em que trabalhamos com um número de profissionais de saúde tão reduzido que só me apetece "desaparecer", porque sei que nesses dias jamais estarei à altura para poder CUIDAR...

 

Trabalhar com pacientes COVID-19 afeta qualquer pessoa emocionalmente... É uma doença grave, muitas vezes, os pacientes têm  uma evolução fatal e irreversível... É muito bom, quando um paciente consegue combater a doença, mas bom mesmo é quando vejo pessoas a cumprir todas as medidas necessárias para evitar uma maior contaminação...

 

Infelizmente, e apesar de todas as restrições impostas, aqui em França, as pessoas parece que não querem acreditar no que está a acontecer, teimam em não cumprir as regras mais simples, talvez por isso sejamos o país da Europa com mais casos de pessoas contaminadas... E o pior disto tudo, é que o pico desta segunda vaga ainda nem sequer chegou, sem falar que é quase certo que esta segunda vaga vai durar bem mais tempo do que a primeira...

IMG_1417.JPG

 

 

CONFINAMENTO NACIONAL ATÉ 1 DE DEZEMBRO

Emigrantes em Paris

Na passada quarta-feira, tal como era esperado, ficamos a conhecer as novas medidas de confinamento que entraram hoje em vigor e, que vão durar durar, no mínimo, até ao 1 de Dezembro.



A partir de hoje, só podemos sair de casa, com um justificativo e por motivos bem particulares. Entre esses motivos estão: os motivos profissionais, por razões médicas, para fazer compras, ir à farmácia, ajudar um familiar ou alguma pessoa em risco, levar ou buscar as crianças às creches/escolas, por uma convocação judicial ou administrativa. Além disso, podemos sair de casa, durante uma hora por dia, num raio de 1 quilómetro de casa, para "apanhar ar", passear o cão, ou praticar uma actividade física individual.

 

Desta vez, os parques e os jardins continuam abertos. Em contrapartida, todos os desportos colectivos estão proibidos, assim como as visitas familiares e as festas privadas.

 

Em relação aos eventos religiosos apenas são permitidos funerais, com 30 pessoas, e casamentos, com 6 pessoas.


Os bares, os restaurantes e outros estabelecimentos comerciais não essenciais estão fechados (como é o caso dos ginásios, salas de cinema e espectáculos). Já as "fábricas, propriedades rurais e obras públicas" continuam a funcionar. 


As creches e as escolas permanecem abertas, com medidas de higiene mais apertadas, enquanto as universidades têm apenas aulas online. O uso da máscara é agora obrigatório a partir dos 6 anos, e não a partir dos 12 anos como era até ontem.

 

As visitas aos lares estão permitidas, mas com protocolos bem restritos. 

 

As fronteiras no espaço europeu continuam abertas, e todas as pessoas que chegam agora passam a ser testadas ou têm que trazer um teste com menos de 72 horas.


Todas as medidas vão ser avaliadas a cada 15 dias e, se necessário, novas restrições poderão ser aplicadas mas, se a situação melhorar, algumas restrições poderão ser suspensas. Para os mais indisciplinados, ou para quem não quer cumprir as novas regras uma multa de 135 euros será aplicada. 

 

Vamos lá ver se com estas medidas os números de doentes hospitalizados nos hospitais, principalmente nos cuidados intensivos, vai diminuir... Prevê-se que esta segunda vaga  possa ser bem pior do que a primeira, já que desta vez o vírus circula em todo o território francês praticamente com a mesma intensidade!

 

As medidas ainda só começaram hoje, mas eu já começo a pensar quando é que poderemos voltar a ter momentos simples como este...

IMG_20201003_115933.jpg