O Willy era o cão dos meus pais, mas era como se fosse meu também... Era um cão diferente de todos os outros e não existia em lado nenhum um cão igual a ele, pelo menos nunca vimos nenhum!
Era arraçado de um Husky Siberiano, a mãe era de raça e o pai um rafeiro, por isso tinha as principais características da raça: um olhos azul e outro castanho, a pelagem comprida e espessa e, só sabia uivar. O tamanho esse era, como nós dizíamos carinhosamente, do "tamanho de um banco de cozinha": comprido, baixinho e gordinho, mas com uma agilidade e uma força incríveis!
Tinha mais ou menos 1 ano quando veio para a casa dos meus pais, pertencia a uns primos nossos que viviam numa casa com pouco espaço e que tinham pouco tempo para estar com ele, e decidiram dá-lo... Daí a te ter vindo para a casa dos meus pais foi um saltinho...
Lembro-me, como se fosse hoje, o dia em que ele chegou lá a casa... Atrevido, desobediente, cheio de energia, louco por água e por crianças, um devorador de comida, obsecado pelas galinhas da minha mãe e pelas ovelhas de uma vizinha (que estavam sempre a pastar num campo ao lado da nossa casa)... Mas, no fundo, um verdadeiro fofo!
Para sempre ficam as duas histórias mais hilariantes que passamos com ele:
- a primeira noite que ficou lá em casa e descobrimos que só sabia uivar. Na altura os meus pais tinham outro cãozinho, por isso, assim que este ladrou ele tentou imitá-lo mas só conseguia uivar... Com o tempo, e à força do treino, aprendeu a ladrar e nunca mais soube uivar;
- e o dia em que o portão da entrada na casa dos meus pais avariou e ficou aberto e o Willy deciciu fugir em direcção às ovelhas da minha vizinha, e estas foram parar à Estrada Nacional! Na altura não teve piada nenhuma pois o desfecho podia ter sido trágico, felizmente não foi o caso, mas à conta deste episódio a minha mãe ficou em pânico e o Willy ficou "preso" durante muito tempo.
A característica que o distinguia de todos os outros cães que tivemos, para além do seu porte físico, era o facto deste adorar comer tudo... Ninguém podia comer à frente dele, era uma verdadeira criança, tudo o que estivessemos a comer ele também tinha que comer... E quando digo tudo, é tudo mesmo! Desde banana, a laranjas, passando por pipocas e tudo o que possam imaginar, o Willy tinha que comer também!
Foram 16 aninhos cheios de aventuras e amor...
Partiu este madrugada, depois de ter começado a perder muita da sua vitalidade há cerca de um ano e meio... Ouvia mal, via mal e deslocava-se com muita dificuldade. Mas nesse tempo, e apesar de todas as dificuldades que ele tinha, houve uma coisa que nunca deixou de fazer: comer! Muito mais selectivo e requintado, nunca perdeu o apetite, e mesmo ontem, dizia a minha mãe, comeu como se não fosse partir... Mas partiu, durante a noite, num sono onde nunca mais acordou...
Até sempre querido Willy!