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As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

UM BELO CAPÍTULO QUE CHEGOU AO FIM...

Antes de ficar grávida, já tinha conhecimentos sobre a importância da amamentação, conhecimentos estes adquiridos durante o meu curso de enfermagem... Talvez por isso nunca tive dúvidas que um dia, assim que tivesse um filho, fosse amamentar... Não condeno, nem julgo quem opta pelo aleitamento artificial, mas quem me segue sabe bem o quanto defendo este tipo de alimentação natural.

 

Confesso que, mesmo tendo todos os conhecimentos necessários, tive muitas dúvidas, quer durante a gravidez, quer quando o Gui nasceu... Existe uma grande distância entre o que uma pessoa pensa que vai ser capaz de fazer ao acontecer...

 

Sabia que o início não ía ser assim tão expontâneo e evidente, e confesso até que pensava que ía ser um bocadinho mais fácil...

 

No primeiro mês, desistir passou-me pela cabeça umas centenas de vezes, tinha receio de não estar a alimentar suficientemente o Gui... Depois vinham as consultas semanais onde o Gui era pesado e depressa as dúvidas desapareciam e a confiança em mim era maior.

 

Os primeiros 3 meses foram, sem dúvida, os mais cansativos, o Gui demorava imenso tempo a mamar, mamava a cada duas horas (tanto de dia como de noite), tinha algumas dores e  andava super cansada. Mas o pior aconteceu quando o Gui tinha dois meses e meio... Fiz uma mastite na mama direita e quase que desisti de amamentar... Estávamos de férias em Portugal, de um dia para o outro a mama direita começou a ficar engurgitada, e depressa se formou um grande abcesso... Parecia que tinha uma bola de ténis, na mama... As dores eram imensas... Fiz de tudo para conseguir reverter esta situação... Desde massagens, com quente e frio, passando por colocar o Gui a mamar em "N" posições diferentes até a utilização da bomba de extracção de leite... Nada resultou, o abcesso parecia querer ficar... Não dormia em condições, tinha dores horríveis e estava exausta... Comecei então a fazer febre... Entre as idas aos Centros de Saúde, anti-inflamatórios e antibiótico, acabei por ir parar ao serviço de Urgências onde fui submetida a uma drenagem de abcesso... A partir daqui as dores começaram a desaparecer... Fiquei com um dreno, tive uma semana a fazer tratamento diário (e graças à boa vontade da vizinha dos meus pais, que também é enfermeira, tive a sorte de fazer os tratamentos em casa, todos os dias vinha-me "fazer o penso")... Foram 15 dias péssimos... Coloquei tudo em questão, pensei em desistir de amamentar, mas não o fiz, e mesmo com o abcesso, e com o dreno na mama, amamentei sempre!

 

Confesso que tive muito medo de voltar a passar por isto novamente, e disse a mim mesmo que se voltasse a acontecer teria que desistir. Felizmente não se repetiu, o processo de amamentação acabou por se tornar natural e simples, conseguimos estabelecer aquela "relação especial tão desejada"...

 

Uns dias antes do Gui completar 10 mesinhos, recomecei a trabalhar, mas com um horário de trabalho de 12 horas/dia e com o Gui a acordar a cada 3 horas para comer, andava demasiada cansada... Foi então que achamos que era a altura de começar a introduzir o leite artificial, porque não sabíamos quanto tempo seria preciso para o Gui se habituar... Falei com a Pediatra, compramos o leite que ela nos indicou e, aos 10 meses e meio o Gui bebeu então pela primeira vez leite artificial... Em dois dias o Gui rejeitou completamente a mama e nunca mais quis mamar! Nunca pensei que ele fizesse um desmame tão repentino e fácil. Foram 10 meses e meio que ficarão bem guardadinhos na minha memória...

 

Para trás ficam só as belas recordações e também aquelas situações mais caricatas (se é que lhe podemos chamar assim)... As vezes que tive que amamentar no carro porque não haviam locais apropriados para o fazermos confortavelmente, o Gui distraísse imenso, além disso não me sentia à vontade em fazê-lo no meio de uma multidão... Sem falar daqueles cantinhos de amamentação/fraldários que não lembram ao menino Jesus, que cheiravam a esgoto, ou pareciam saunas (no Verão) ou então arcas frigoríficas (no Inverno)... 

 

E se no início tinha muito pudor, o tempo e a naturalidade do acto acabaram por resolver este meu "problema"... Tive sempre cuidado de fazê-lo discretamente, até porque aqui em França sentia-me um bocadinho "estranha", era raríssimo ver alguém a fazê-lo.. Nunca usei nenhum avental ou lenço porque o Gui suava imenso e não suportava estar tapado... Tenho algumas fotografias a amamentar que registam com carinho esses belos momentos, e lamento não o ter registado muito mais...

 

Como foram mágicos estes 10 meses e meio... Como fomos felizes... Como foi bom para mim e, muito mais ainda, para o Gui... Sinto-me uma felizarda por o ter feito e voltaria a repetir tudo novamente, mesmo com todos os obstáculos que tivemos. Quem já amamentou sabe bem do que falo, e apesar de existirem sempre alguns momentos difíceis, na realidade quase ninguém acaba por os contar porque, quando falamos da amamentação, não nos lembramos das coisas difíceis, lembramo-nos apenas das coisas maravilhosas que ela nos dá!

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ALEITAMENTO MATERNO - PARTE 3

Hoje, e para finalizar o tema do aleitamento materno vou abordar dois tópicos:

- os Cuidados específicos às complicações da amamentação;

- e as Posições para amamentar.

Se alguém quiser ou achar que devia abordar mais algum assunto específico em relação a este tema, deixe aqui a sugestão!

 

 

CUIDADOS ESPECÍFICOS ÀS COMPLICAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO

 

1. Mamilos Gretados

Este é um dos problemas muito frequentes nas primeiras semanas após o parto, que normalmente surge devido à posição errada do bebé a mamar, do modo como o bebé agarra o peito ou ao ressecamento do mamilo. 

 

Se este problemas surgir, as soluções passam sempre por cumprir as dicas gerais mencionadas no último post. No entanto, se a dor for muito forte, a mãe deve retirar o leite manualmente ou com o auxílio de uma bomba e, dar ao bebé com um copo ou uma colher até que o mamilo melhore ou cicatrize totalmente. 

 

 

 2. Ingurgitamento Mamário

Normalmente este problema surge por volta do terceiro dia pós-parto, quando os seios começam a ficar doridos e tensos devido à deficiente drenagem do leite, sensação esta que pode ser acompanhada por um ligeiro desconforto.

 

O ingurgitamento pode ser passageiro (até 24 horas) ou durar vários dias (4 a 5 dias), o corpo demora alguns dias a ajustar-se para começar a produzir a quantidade necessária para o bebé.

 

Se este problemas surgir procure:

  • Continuar a amamentar aumentando a frequência das mamadas (o que estimula a drenagem do leite);
  • Antes de cada mamada, aplicar compressas quentes nas mamas  (isso vai aliviar a dor e facilitar a saída do leite);
  • Tirar um pouco do leite, antes de cada mamada, para que a área em torno do mamilo fique mais macia (o que irá facilitar a pega do bebé e reduzir o risco dos mamilos ficarem gretados);
  • Colocar o bebé a mamar primeiro na mama mais cheia;
  • Esvaziar um seio antes de oferecer o outro;
  • Se a mama continuar congestionada após amamentar, deve esvaziar manualmente ou com a ajuda de uma bomba, até se sentir bem (para libertar os os canais mamários bloqueados);
  • Aplicar compressas frias nos seios, logo após o bebé terminar de mamar, para aliviar o desconforto e a tensão mamária;
  • Usar um sutiã de amamentação com boa estrutura de sustentação, inclusive para dormir (este não deve ficar apertado demais).

 

 

3. Mastite

Mastite.jpg

Quando a mulher não soluciona o ingurgitamento mamário pode ocorrer uma mastite, ou seja, uma inflamação do tecido mamário que se caracteriza por uma inflamação (dor, rubor e calor localizado) com ou sem infeção, que pode ser acompanhada por febre (geralmente acima de 38ºC) e sintomas do tipo gripal. 

 

Normalmente costuma surgir apenas num dos seios, sendo rara a infecção bilateral ao mesmo tempo.

 

O tratamento para a mastite deve ser instituído o mais rapidamente possível, porque quando esta se agrava pode ser necessário o uso de antibióticos ou mesmo uma intervenção cirúrgica.

 

O tratamento inicial passa por:

  • Seguir as indicações como tratar o "ingurgitamento mamário";
  • Consultar o médico de família ou o obstetra.

 

 

POSIÇÕES PARA AMAMENTAR 

A posição correta para amamentação é o fator mais importante para o seu sucesso. Por isso, ao amamentar, a mãe deve preferir ambientes tranquilos, posicionar-se de maneira correta e confortável, e o bebé, além de estar de frente para o mamilo, deve pegar a mama corretamente para que não ocorram ferimentos nos mamilos e o bebé consiga beber mais leite.

 

Além da tradicional posição para amamentar, onde a mãe está sentada e o bebé está deitado na horizontal, existem outras posições como:

posições para amamentar.jpg

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS...

Se há mulheres que se adaptam à amamentação de forma rápida e sem enfrentar grandes dificuldades, há outras que enfrentam alguns percalços. O importante é que a mulher compreenda que este é um processo que requer prática e exige paciência para que não se desista de amamentar nos primeiros obstáculos que aparecerem!

 

Eu, como mãe de primeira viagem, resta-me esperar que o nosso Principezinho nasça para poder partilhar a minha experiência.