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As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

SE PUDESSE FICARIA DOENTE NO TEU LUGAR...

Mãe sofre a dobrar!

Faz hoje precisamente uma semana que o Martin ficou internado no serviço de Pediatria, depois de ter sido encaminhado para o serviço de urgências... 

 

Tudo começou dois dias antes, com o Martin a fazer febres altas de 39 e tal na quarta-feira, atingindo os 40.7 º C na quinta-feira... Foi a primeira vez que vi o Martin realmente doente... Chorava facilmente, irritava-se com tudo, só queria colo, e quando a febre começava a subir tinha imensos tremores... Estava demasiado desconfortável...

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E ao contrário do Gui que com 37.5 º C já está estendido no sofá com ar de doente, o Martin nunca tinha ficado assim, mesmo com febre ele mantinha toda a energia que tanto o caracteriza... Mas desta vez as coisas estavam realmente muito diferentes o que nos deixou muito preocupados...

 

Na quinta-feira, liguei para a Pediatra dele para saber se o podia observar, nas não tinha nenhuma disponibilidade nem para aquele dia nem para o dia seguinte, por isso marquei consulta de urgência numa outra Pediatra que fica mais longe, mas que também costumamos ir, mas só havia vaga para o dia seguinte... 

 

Na noite de quinta para sexta-feira, ainda hesitamos levá-lo à urgência, porque a febre, além de ser alta, demorava a descer com o paracetamol, e quando descia era por pouco tempo, mantendo-se nos 38º C... Mesmo assim, e com medo que o Martin pudesse apanhar "outra coisa qualquer" no hospital, optámos que iria à Pediatra no dia seguinte...

 

Aquela noite tinha sido muito curta, por isso quando acordamos, o Martin estava super cansado, e por incrível que pareça, 4h30 depois de ter tomado o paracetamol, exactamente na hora da consulta, a temperatura era só de 37.7º C... Apesar disso, o Martin chorava a cada aproximação da Pediatra, notava-se que alguma coisa não estava bem... A médica examinou-o mas não viu qualquer problema que pudesse levar o Martin a ter aquele quadro de febre, por isso achou pertinente fazer um teste rápido para determinar a quantidade de proteína C reactiva (conhecida pela sigla PCR, é uma proteína produzida no fígado, cuja concentração sanguínea se eleva radicalmente quando há uma infecção viral ou bacteriana). O teste consiste em picar um dedo e colher uma gota de sangue para ser analisado num aparelho portátil, o resultado é revelado em poucos minutos.

Assim que fez o teste, o valor era anormalmente elevado, por isso, e de forma a despistar uma possível infecção mais grave, fez uma carta e encaminhou o Martin para o hospital...

 

Chegamos ao hospital por volta das 11h30, fomos atendidos uns 15 minutos depois... Fez análises ao sangue, colheita de urina, colheita de fezes, Rx ao tórax, teste à Covid-19... A febre voltava a subir, o desconforto dele era visível... A PCR estava realmente elevada, o Martin tinha todos os critérios para ficar internado... 

 

Felizmente, nunca deixou de comer, comia menos mas comia, e todas as vezes que eu lhe dizia para beber água, ele cumpria rigorosamente o que lhe pedia... 

 

Três horas depois de chegarmos ao hospital, o Pediatra informava-me que o Martin teria que ficar internado para avaliar a evolução do quadro clínico... Liguei ao R e contar-lhe o que eu já temia, e num misto de medo não consegui passar-lhe a informação sem chorar... Tinha o coração bem apertadinho, mas sabia que tinha que ser mais forte e mostrar mais confiança e paz ao Martin... Respirei fundo, engoli em seco, e prometi que iria dar o melhor de mim...

 

Subimos para o internamento às 16h... Eu sem comer desde as 7h30, e o Martin com um biberão, dois iogurtes e uma fruta no estômago, nunca ninguém se preocupou em saber se precisávamos de comer... Felizmente o R. tinha autorização para entrar no serviço e trazer tudo o que fosse preciso, tinha receio que com a Pandemia ele não pudesse vir... 

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No sábado, o Pediatra confirmava que os exames estavam todos negativos, com a excepção da PCR... Tornou a colher análises e o resultado mantinha-se alto... A febre era menos frequente... No domingo, tornava a colher análises ao sangue... A PCR tinha descido para quase metade, e apesar de continuar alta, o Martin estava novamente em forma e sem febre desde o dia anterior, por isso tivemos alta do hospital...

 

Regressamos na quarta-feira para colher novas análises e ter consulta com o Pediatra... E ontem soubemos que tudo estava normal, o Martin tinha tido uma infecção viral.

 

Foram apenas 3 dias no hospital, que pareceram 3 meses... Ver o Martin internado, sem termos um diagnóstico do que ele tinha foi o mais preocupante... E por mais forte que possamos ser, ou por mais conhecimentos que tenhamos, a partir do momento que um filho fica doente nós também ficamos doentes...

Quem me dera que quando um filho ficasse doente, pudessemos trocar de lugar com ele... Sem pensar duas vezes eu trocaria de lugar com ele!

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A IDADE DO "NÃO"

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Depois da primeira sessão de fisioterapia de ontem, o Gui tinha que voltar hoje para fazer uma segunda sessão... Acorda de manhã, toma o biberão de leite, explico-lhe que precisa de tomar os medicamentos para ficar bom, da tosse e dos ouvidos, mas de pouco adianta... Teimoso, diz que não quer, começa por aceitar mas, mal sente o gosto, recusa-se a tomar o resto... Lá tive que o "forçar" para ele terminar...

 

Visto-o para sairmos, digo-lhe para vir vestir o colete dos carros que tanto gosta e até  aqui diz-me que não... Dirige-se para o quarto dele, consegue abrir o roupeiro e aponta para o casaco que quer levar... Nem queria acreditar que uma Pipoca de 27 meses me estava a dizer o que queria levar vestido... Consigo negociar e acaba por colocar um casaco que combina mais com a roupa que lhe vesti... Entramos no carro, e explico-lhe que vamos fazer os exercícios para ele respirar melhor, mas ele parece não me ligar nenhum e fala de outro assunto... Mal estaciono o carro em frente ao gabinete de fisioterapia começa a chorar a dizer que "não quer"... E eu a pensar que não se lembrava onde era... Não é que tinha memorizado como era o edifício?! Escusado será dizer que foi chorar, quase sempre, até voltarmos a sair de lá... Só em pensar que amanhã ainda tem mais uma sessão... Aguenta coração... 

JÁ SÓ FALTA 1 MÊS

Pois é, depois que o Gui nasceu e passados os 2 meses e meio de licença de maternidade, optamos por fazer um sacrifício financeiro e ficar eu em casa mais 6 meses com a tal "ajuda" miserável do Estado... 

 

Passou tão rápido que já só falta um mês para recomeçar a trabalhar. Felizmente pude gozar todas as minhas férias logo de seguida, o que faz que comece a trabalhar só no dia 29 de Março.

 

Em nenhum momento nos arrependemos de termos tomado esta decisão, muito pelo contrário... Posso garantir que ganhamos muito mais do que perdemos!

 

Perdemos algum dinheiro, sem dúvida, mas pude proporcionar ao Gui todo o tempo do mundo só para ele... Cada conquista que ele teve eu tive o privilégio de poder ter estado presente, e isso não há dinheiro do mundo que pague esse tempo tão precioso... Assim será até ele completar quase 10 mesinhos, depois lá terá que ficar sob o cuidado de outra pessoa enquanto estivermos a trabalhar... Ainda não me consigo imaginar longe do meu Principezinho, mas lá terá que ser... Até lá, vou continuar a usufruir de cada segundinho junto do bem mais precioso que temos! 

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