O FACTOR RH NA GRAVIDEZ
Se todos tivessemos o mesmo tipo sanguíneo a vida seria mais simples, porém não é o que acontece, pois para além de existir uma série de grupos sanguíneos (A, B, AB ou O), existe ainda o sistema Rh positivo e o negativo (quem é Rh positivo possui uma proteína chamada antígeno D na superfície dos glóbulos vermelhos, quem não tem esse antígeno é Rh negativo).
E embora esta variedade de tipagens sanguíneas não afectem a nossa saúde, sabe-se que o fator Rh pode afetar uma gravidez, basta que o sangue da grávida seja Rh negativo e o do pai do bebé Rh positivo, para que a gravidez tenha que ter cuidados especiais de forma a evitar complicações para o bebé.
Ora é exactamente esse o meu caso, sou Rh negativo e o meu marido é Rh positivo, daí que existe uma possibilidade do nosso bebé ser também Rh positivo. O problema reside exactamente aí, ao eu ser Rh negativo e o meu bebé poder ser Rh positivo, se o meu sangue e o do bebé entrarem em contacto direto, por exemplo durante o parto, o meu sistema imunológico pode desenvolver anticorpos específicos contra o sangue do bebé reagindo como se ele fosse um "invasor".
Se isto acontecer, numa primeira gravidez, o bebé normalmente não será afetado. No entanto, se houver uma segunda gravidez e o bebé tornar a ser Rh positivo, os anticorpos do meu sistema imunitário (formados pelo meu corpo em reação ao contacto com o sangue do meu primeiro filho) poderão atravessar a placenta e destruir os glóbulos vermelhos do segundo bebé, durante a gravidez, provocando no bebé uma anemia, insuficiência cardíaca ou hepática, um problema conhecido pela doença hemolítica do recém-nascido ou eritroblastose fetal.
COMO SE PODE EVITAR A INCOMPATIBILIDADE DE RH?
Felizmente, este problema de incompatibilidade sanguínea é facilmente controlado na gravidez.
Antes de engravidar, ou quando se sabe que se está grávida, o médico questiona sobre o grupo sanguíneo da mãe e do pai, e caso não se conheça são pedidas análises sanguíneas de forma a identificar o grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e se o fator Rh é positivo ou negativo.
Caso a mãe seja:
- Rh Positivo, não haverá qualquer procedimento a seguir, independentemente do pai do bebé ser Rh positivo ou negativo
- Rh Negativo e o pai Rh Negativo, também não haverá qualquer procedimento a seguir
- Rh Negativo e o pai Rh Positivo (ou não se conhecer o grupo sanguíneo do pai), um teste de anticorpos ou aglutinação irregular será realizado várias vezes, ao longo da gravidez e um plano de tratamento é imposto. Neste caso, é necessário fazer uma injeção de imunoglobulina anti-D (Rh) às 28 semanas de gestação. No pós-parto, é realizado uma análise ao sangue do bebé, a partir do cordão umbilical, para determinar o tipo sanguíneo e o fator Rh, se o bebé for Rh positivo, uma nova injeção de imunoglobulina anti-D é administrada à mãe (no máximo até 72 horas após o parto). O sangue da mãe será também analisado, logo depois do parto, para detectar a presença de anticorpos, pois caso sejam encontradas grandes quantidades, pode ser necessária uma dose maior de imunoglobulina anti-D. Se o bebé for Rh negativo como a mãe, a segunda dose não será necessária.
Por isso, ontem lá fui eu cumprir com o meu dever de mãe, um gesto que não custou nada quando sabemos o bem que estamos a fazer ao nosso bebé!