SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA
Parte 2
No seguimento do post de ontem, hoje partilho com vocês o fundamental sobre esta doença que o Martin tem.
1. O que é afinal a síndrome mão-pé-boca?
A síndrome mão-pé-boca, também chamada de doença mão-pé-boca, é uma infecção viral muito contagiosa, e geralmente banal, causada pelo vírus Coxsackie da família dos enterovírus que habitam normalmente o sistema digestivo. Embora possa acometer adultos, é mais comum na infância, antes dos cinco anos de idade. O nome da doença deve-se ao fato das lesões aparecerem mais frequentemente nas mãos, pés e boca.
2. Como se transmite?
O vírus que causam a doença pode ser transmitido por contato com secreções das vias respiratórias, secreções das feridas das mãos ou dos pés e pelo contato com fezes das crianças infectadas. Isso significa que o Vírus Coxsackie podem ser transmitidos nas seguintes situações:
- Beijar alguém infectado.
- Ter contato com secreções respiratórias, geralmente através da tosse ou espirro.
- Beber água contaminada.
- Apertar a mão de alguém contaminado.
- Ingerir alimentos preparados por alguém infectado, que não tenha feito a higienização adequada das mãos.
- Contato com brinquedos ou objetos que possam ter sido contaminados.
- Contato com roupas contaminadas.
- Trocar fraldas de crianças contaminadas.
Geralmente, a fase de maior contágio é durante a primeira semana da doença. Porém, mesmo após a cura, o paciente pode permanecer eliminando o vírus nas fezes, o que o mantém contagioso durante 8 ou 12 semanas depois de ter sido contaminado.
A maioria dos adultos que se contamina não desenvolve sintomas, mas podem ser transmissores assintomáticos do vírus.
Bem mais raro, quando a síndrome é provocada pelo vírus Enterovirus A71, pode ser mais perigosa, pois há um risco maior de complicações, como o desenvolvimento de encefalite (inflamação do sistema nervoso central), meningite ou miocardite (inflamação do músculo cardíaco).
3. Quais são os sintomas?
O período de incubação da doença situa-se entre os 3 e os 6 dias. Os primeiros sintomas costumam ser a dor de garganta e a febre, por volta dos 38ºC, mal-estar e perda de apetite.
Num primeiro momento, a doença é muito parecida com qualquer quadro de virose comum, sendo impossível o seu diagnóstico clínico nesta fase.
Mais tarde podem aparecer lesões na boca, pontos avermelhados que se transformam em pequenas bolhas e posteriormente em úlceras dolorosas, semelhantes às aftas comuns. Essas ulcerações surgem habitualmente na língua, e nas partes internas dos lábios e bochechas. O palato (céu da boca) também pode ser afetado.
Um ou dois dias após o surgimento das lesões da boca começam também a aparecer as lesões nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.
As lesões costumam ter entre 0,1 a 1 cm de diâmetro e podem rebentar, deitando um líquido que é altamente contagioso. Nádegas, coxas, braços, tronco e face também podem apresentar algumas lesões, embora sejam bem menos frequentes.
Não se devem rebentar as vesículas, que acabam por desaparecer sozinhas em 7-10 dias.
É importante destacar que nem todas as pessoas contaminadas pelo Vírus Coxsackie desenvolvem o quadro clínico completo. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas; noutros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes.
No caso dos adultos, a imensa maioria dos indivíduos que entra em contato com o Vírus Coxsackie não desenvolve sintoma algum.
4. Como se faz o diagnóstico?
A doença mão-pé-boca é uma das doenças mais fáceis de ser diagnosticada, devido ao seu típico envolvimento da mucosa oral, plantas dos pés e palmas das mãos.
Nos pacientes que apresentam o típico quadro de febre, úlceras orais e lesões nas palmas das mãos e plantas dos pés, o diagnóstico é feito facilmente, sem a necessidade de nenhuma investigação laboratorial.
Nos casos atípicos, a identificação do vírus pode ser obtida através de uma análise às fezes, das secreções da garganta ou das lesões de pele.
5. Qual é o tratamento?
Na maioria dos casos, e tal como ocorre com outras infecções por vírus, trata-se de uma doença banal e benigna, que regride espontaneamente ao fim de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, tratam-se apenas os sintomas, como a dor e a febre.
O maior problema costuma ser o risco de desidratação, pois a dor de garganta pode fazer com que a criança recuse alimentos e líquidos.
Nos casos mais graves, onde as crianças recusam a alimentação e passam a correr um risco de desidratação, o internamento hospitalar pode ser necessário.
6. Pode-se ter mais do que uma vez?
A síndrome mão-pé-boca é provocada habitualmente pelo Coxsackie A16, mas outros membros desta família podem ser também a causa, como é o caso do Coxsackie A2, A4 ao A10, B2, B3 ou B5. Na realidade existem cerca de 90 tipos de vírus daí que ter a doença síndrome mão-pé-boca não garante imunidade, pelo que é possível voltar a ser infetado.