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As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

NÃO ACONTECE SÓ AOS OUTROS - PARTE 1

Fez ontem 8 semanas que ouvi o que não queria ouvir: o Gui estava infectado com a Covid-19.

Começou com uma tosse seca numa sexta-feira, enquanto dormia, três dias depois do governo francês ter decretado a quarentena obrigatória...

Lembro-me, como se fosse hoje, de comentar com o R. que aquela tosse repentina era estranha... No domingo a febre dava sinal de que algo não estava bem... A tosse seca passava a produtiva (tinha bastante expectoração), a febre mantinha-se, juntamente com um certo cansaço e uma perda de apetite... Na terça, decidimos ligar à Pediatra porque suspeitava que estivesse infectado com algo e podia contaminar o Martin...

Assim que chegamos ao consultório e foi examinado, ouvi da Pediatra o que mais temia: o Gui estava infectado com a Covid-19, e a probabilidade disso ser verdade era de 98%.

 

Como raio o Gui tinha ficado infectado? Teria sido na última ida à Pediatra para a consulta dos 8 meses do Martin? Teria sido no aeroporto quando regressámos de Portugal? Ou teria sido o R. que tinha trazido o vírus para casa? Estaria mesmo infectado?! Nem imaginam quantas perguntas passaram na nossa cabeça... Perguntas às quais sabíamos que não teríamos respostas...

 

Será que também estávamos infectados?! Eu e o R. andávamos com algumas dores de cabeça e musculares (mais a nível cervical) há alguns dias, mas confesso que nem valorizamos... O Martin estava aparentemente óptimo... Mas apesar de todas as dúvidas que tínhamos, ficamos apenas com as nossas suspeitas porque nenhum teste de despitagem foi feito, porque simplesmente ninguém fazia.

O importante era continuar a vigiar o estado geral do Gui, e ver se a febre desaparecia, no máximo, até ao sábado seguinte, caso contrário teria que ser reavaliado... 

 

Saímos do consultório directos à farmácia com a Pediatra a reforçar a importância do isolamento social e do uso da máscara cirúrgica, como forma de evitar contaminar os outros...

 

Fomos à farmácia e embora soubéssemos que as máscaras estavam esgotadas para o público, coloquei em questão a gravidade de estarmos ali sem qualquer protecção... De imediato, e de uma forma discreta, a farmacêutica ofereceu-me quatro máscaras cirúrgicas descartáveis... Coloquei uma, e tentei explicar ao Gui que era importante ele colocar também... Nesse instante vi o pânico nos olhos do Gui, senti que estava  com medo, começou a chorar de forma descontrolada, e ficou impossível falar com ele... Só queria sair logo dali e entrar em casa... 

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Pelo caminho, tentei explicar ao Gui o que se passava, mas ele simplesmente não queria ouvir... Arrancou a máscara e disse-me que não a queria colocar mais...

 

Chegamos a casa e revelei ao R. o que a Pediatra tinha diagnosticado ao Gui, mas o R. mostrou-se incrédulo a este diagnóstico... Sabíamos que existia essa possibilidade porque as coisas "não acontecem só aos outros", mas não queríamos acreditar que poderíamos estar contaminados... 

Agora era tentar tomar todas as medidas para que o Gui ficasse logo bom e o Martin não ficasse contaminado também...

(Mas isso ficará para contar no próximo post)