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As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

BENS ESSENCIAIS...

Desde que a França declarou a quarentena obrigatória passamos a fazer todas as nossas compras online... Escolhemos os produtos, compramos e no dia indicado pelo site vamos ao Drive do supermercado levantar as compras. Isto até pode parece simples, mas não é...

A primeira dificuldade é sempre entrar no site. Somos colocados numa fila de espera virtual, e no final, na maior parte das vezes, não há disponibilidade no site para efectuarmos as compra, dado a afluência de pessoas... Resultado, começamos a tentar fazer compras num dia, mas só ao quinto ou sexto dia, e depois de várias tentativas em cada dia, lá conseguimos entrar.

O segundo problema é que ao efectuarmos as compras, na grande maioria das vezes, os produtos não são garantidos. Resumindo: fazemos as compras, pagamos, e no dia ficamos a ter conhecimento que metade dos produtos estavam esgotados. E isto acontece sempre nos produtos frescos, como o pão, os legumes e as frutas.

O terceiro problema é que as compras são feitas num dia e, muitas vezes, o levantamento acontece só passados 3 ou 4 dias. Por isso, é necessário prever com antecedência os produtos que nos vão faltar.

O quarto é que quando queremos um produto, existe um número limitado a comprar, o que implica fazer compras todas as semanas. Por exemplo:  se quisermos comprar quatro packs de leite, cada um com seis embalagens, o site só nos permite comprar três.

Com tantos "se nãos", hoje decidimos ir ao supermercado antes de passar no drive para levantar as compras (desta vez decidi ir eu, estava a precisar sair um bocadinho de casa), assim podia comprar mais alguns produtos e podia ver se compensava correr o risco de ir ao supermercado... Mas pelos vistos o fisco não compensa nadinha...

Primeiro, cheguei ao supermercado e havia uma fila enorme para entrar no supermercado. Sim, porque com as medidas de isolamento, só pode estar um certo número de pessoas dentro do supermercado (e eu contra isso nada). Felizmente, até chegar à minha vez esperei uns 10-15 minutos. 

Segundo, deparei-me com o pior cenário possível: todos os produtos considerados essenciais estavam completamente em ruptura de stock, com exceção dos legumes e das frutas! Peguei no telemóvel e decidi registar o que aqui se vive por este dias... Corredores e corredores vazios... Sem arroz, sem massas, sem pão de forma e afins, sem ovos, sem carne, sem queijo, sem farinha para fazer um pãozinho ou um bolinho... Fiquei incrédula com aquele panorama...

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E apesar dos inconvenientes todos de comprar online, cheguei à conclusão que mesmo assim compensa continuar a fazê-lo porque quando saí do supermercado levantei a encomenda no drive e tinha alguns produtos que na superfície comercial não havia... Mesmo assim, houveram muitos artigos que me ficaram a faltar!

 

E por aí, também se vivem momentos parecidos a este?!

O MUNDO VAI VOLTAR A GIRAR ❤️

Éramos felizes e não sabíamos...

Éramos felizes quando trabalhávamos sem medo, 

mesmo quando parecia não termos tempo para nada...

Éramos felizes quando podíamos visitar a nossa família,

os nossos amigos e até os nossos vizinhos...

Éramos felizes quando podíamos comer um gelado numa esplanada, passear na praia, sentir a brisa do mar, jantar num restaurante, festejar um Aniversário ou fazer um almoço em casa, na companhia dos nossos. 

Éramos felizes quando podíamos cumprimentar

com um beijo e um abraço  bem apertado...

Éramos felizes quando íamos às compras e saíamos à rua sem medo...

Éramos felizes quando podíamos passear, viajar, fazer um simples piquenique num parque sem termos hora para sair e para chegar..

 

Mas um dia o Mundo parou...

E muitos não quiseram "parar"...

Continuaram a achar que se tratava de uma brincadeira...

Que se tratava de uma simples "gripezinha", que só acontecia aos outros...

Mas desde quando uma "gripezinha" fechou fronteiras, encerrou escolas, cancelou vôos e eventos, e colocou milhares de pessoas em casa sem poder ir trabalhar nem sair à rua?!

Desde quando uma "gripezinha" matou tantas pessoas e impediu que as pessoas se pudessem despedir..?!

 

Basta!

É preciso acordar de uma vez por todas antes que seja tarde de mais...

É preciso mudar comportamentos, saber parar e escutar...

Vivemos tempos muito difíceis pois não sabemos quando 

o Mundo vai voltar a "girar"...

Apenas sabemos que precisamos que o mundo inteiro se una...

Que cada um cumpra o papel que lhe é pedido...

Pois se cada um fizer o que lhe é pedido, mais depressa voltaremos às nossas vidas... 

Mais depressa o Mundo vai voltar a girar!

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"ESTAMOS EM GUERRA"

Tínhamos programado em Janeiro a nossa viagem surpresa a Portugal, sabíamos o que tinha acontecido na China, mas mesmo assim tenho que confessar que nunca pensei que a Europa fosse também afectada da mesma forma... Por isso, apanhamos o avião rumo a Portugal e nem pensei muito no assunto... E durante todo o tempo que estivemos em Portugal, andei completamente despreocupada... Não andamos em grandes festas, mas fizemos algumas visitinhas breves... Mas essa despreocupação era geral, tão geral que só comecei a sentir que este assunto ganhava uma outra dimensão um dia antes da nossa viagem de regresso, quando a França anunciava que as creches, as escolas e as universidades íam ser encerradas a partir de segunda-feira... Ainda houveram familiares e amigos que me perguntaram se regressávamos a França mesmo com todos os riscos, mas para mim fazia todo o sentido voltar porque não podíamos deixar o R. sozinho... Nessa altura, ainda sentia confiança para viajarmos os 3, porque não havia nada à minha volta que me mostrasse o contrário... 

 

E assim foi, apanhamos o avião da TAP, na passada sexta-feira... Não houve qualquer controlo, nem nenhuma medida especial, tanto no Porto como em Paris... Chegamos aqui e o ambiente era completamente normal, ninguém parecia estar sensibilizado para o assunto... Mas eu já vinha com um certo receio perante estas medidas e os números de pessoas infectadas, que aumentavam todos os dias, e tinha decidido que o melhor era ficarmos em isolamento social... 

 

O R. foi às compras sozinho no sábado... Dizia que estava praticamente tudo normal, ninguém tinha mudado comportamentos, nem rotinas, e eu começava a ficar preocupada... À noite, anunciavam-se o encerramento dos restaurantes, bares, cinemas e todo comércio não alimentar, exceto as farmácias... E eu ficava cada vez mais preocupada, porque partilhávamos mensagens nas redes sociais e descobria que lá fora o mundo não tinha parado, as pessoas achavam que o encerramento das escolas era sinónimo de férias com os filhos, festas com os vizinhos e passeios em família...

 

Depois, ainda houveram as eleições municipais... E os franceses pareciam continuar a não querer ver o óbvio... Acho que apenas havia um único medo: que a comida e o papel acabasse... E isso eu vi hoje, quando no final do dia fui às compras e as prateleiras estavam todas vazias... Sim, TODAS VAZIAS... Confesso que senti-me no meio de uma guerra...

 

Perante tamanha IRRESPONSABILIDADE social, a França viu-se obrigada a mudar de estratégia... E hoje, às 20 horas locais, o Presidente da República - Emmanuel Macron - anunciou uma série de medidas radicais que as pessoas terão de cumprir sob pena de serem punidas...

 

Basicamente estamos todos de quatentena obrigatória a partir de amanhã, durante pelos menos 15 dias... Apenas as deslocações estritamente necessárias serão permitidas, sob controle das forças de segurança, as fronteiras da União Europeia (UE) e do Espaço Schengen (formado por 26 países em que a circulação de pessoas é livre) serão fechadas durante 30 dias, e todas as viagens entre países europeus serão suspensas...

 

A França vê-se agora obrigada a parar para conseguir lutar contra este inimigo invisível...  "ESTAMOS EM GERRA", repetiu Macron muitas vezes, ao longo do discurso que fez hoje... Uma guerra onde o inimigo é invisível e está em franca expansão... Uma guerra onde precisamos que todas as pessoas estejam mais unidas que nunca... Uma guerra onde apenas é pedido às pessoas para ficarem fechadas em casa, enquanto que os profissionais de saúde lutam por um inimigo invisível que nem eles conhecem!

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Nós vamos dar o nosso melhor por esta luta, e vocês?!