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As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

SERVIÇO PÚBLICO

Segurança Social

O meu Pai reformou este ano e regressou definitivamente da Alemanha, na Alemanha reformou aos 65 anos e 11 meses, mas cá em Portugal só aos 66 anos e 4 meses é que pode receber a reforma daqui (da meia dúzia de anos em que trabalhou cá), ou seja, a partir do 16 de Junho...

Decidimos tratar dos papéis hoje, na Segurança Social, por isso, deixamos o Gui e o Martin na escola e fomos directos tirar uma senha... Às 9h15 a nossa senha era o número 21, estavam a chamar no "6".... Ao fim de uns 45min fomos atendidos... Tínhamos os documentos todos mas como fazia falta a fotocópia de um dos documentos a senhora disse-nos que não tiravam fotocópias por isso teríamos que ir fazer a fotocópia e tirar uma nova senha!!! 

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Fomos directamente ao segurança que imediatamente nos deu a senha 41!!!! Fui ao final da rua, tirei a maldita fotocópia, regressei e esperamos quase 2 horas: fomos atendidos exatamente às 11h55min e às 12h10min estávamos a vir embora!!!

Perdemos a manhã TODA na porcaria da Segurança Social tudo por uma simples fotocópia!!! Preferia mil vezes ter que pagar a fotocópia no momento do que ter uma manhã perdida por algo tão ridículo!!!!

Alguém com dois neurónios que mude isto, POR FAVOR?! 

Deixo duas sugestões: ou tiram as fotocópias a cobrar no acto ou coloquem uma "máquina a pagar" no local!!! Tenho a certeza absoluta que se eu conhecesse alguém lá dentro a porcaria da fotocópia tinha sido tirada.

A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Primeiro foi a Pandemia, agora é a Guerra na Ucrânia... Tudo serve para justificar o aumento dos preços de todos os produtos, até os bens mais básicos... Eu cá continuo a achar que há muita gente a querer ganhar dinheiro facilmente e a aproveitar-se desta situação...

Estes dias algures no Facebook havia alguém que colocava um anúncio assim...

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É o que au chamo a galinha dos ovos de ouro!!! Com preços destes, acho que vou mas é mudar de profissão...

 

Será que só eu é que me espanto com isto?!

QUANDO OS SANTOS AJUDAM

Parte 2

Quando contamos a história da nossa aliança perdida várias pessoas diziam que ía aparecer, só tínhamos que acreditar e "ler o responso com devoção"...

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O R. sempre ficou incrédulo (e duvido até que tenha olhado uma única vez para o texto), já eu confesso que sempre acreditei que a aliança fosse aparecer... E o "responso", para mim, era uma "ajudinha extra"!

Li o texto duas vezes naquele mesmo dia, só voltei a lê-lo mais 2 ou 3 vezes no sábado a seguir, quando o R. e o meu sogrinho íam a caminho do Cervo de Cerveira...

Foram os dois às 6h30 da manhã no sábado logo a seguir pois não queriam encontrar ninguém por lá e quanto mais tempo passasse menor talvez fosse a probabilidade de a encontrar...

Vasculharam pedras, pedrinhas, ervas daninhas e mato, com o detetor de metais a tocar a cada pedaço de metal encontrado... Aí fim de uma hora e tal o desânimo era grande... Enquanto eles exploravam cada cantinho, chegava um autocarro cheio de turistas para visitar o local...

Felizmente, nos últimos minutos, já quase a desistir, quando o R. decidiu procurar uma última vez, na parte de cima onde a aliança tinha saltado, no momento que se ajoelhou ao chão, viu a aliança reluzir no chão!

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Parecia mentira, estava praticamente visível e bem perto do local onde tinha saltado (mesmo ao lado onde está o papel que o R. colocou só para mostrar onde ela estava)!

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Ainda hoje não sabemos como raio não a vimos ali naquele dia... Eu cá acho que o "Responso" explica isso...

Felizmente a história teve um final feliz, mas independentemente do resultado que esta teria, sabíamos que esta ficaria gravada para sempre na nossa memória, para ser contada até sermos velhinhos! 

 

E por aí, quem já passou por algo semelhante?!

À PROCURA DO TESOURO PERDIDO

Hoje partilho com vocês algo que se passou connosco no dia do meu aniversário e que ficará eternamente gravada na nossa memória...

A minha entidade patronal deu-me folga no dia do meu aniversário (como dá a todos os funcionários), por isso o R. decidiu também tirar o dia para comemorarmos esta data juntos...

Não havia nada especialmente programado, até porque o R. não é muito de fazer surpresas e prefere que seja eu a escolher, por isso, nesse dia, levamos os miúdos à escola, e depois de um pequeno-almoço a 2, tive a ideia de irmos ao famoso Baloiço de Vila Nova de Cerveira, aquele que tem uma vista de cortar a respiração...

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Chegamos lá em cima, e para nossa desilusão, o baloiço tinha sido retirado (por questões de segurança)... De qualquer forma, tínhamos sempre aquela vista incrível e o Cervo bem ao lado...

Naquele dia, havia um casal de namorados que estava lá, também, a tirar 1001 fotografias.... Enquanto que íamos gelando, ía lendo as mensagens de aniversário que ía recebendo...

O casal afastou-se, aproximamo-nos do Cervo e estava tanto frio que às tantas o R. tinha as mãos congeladas... Tão congeladas que a aliança ficou com folga... Quando tirou as mãos dos bolsos e sacodiu as mãos, para aquecer as mãos, a aliança saltou do dedo... Ouvimos um único "plim" e nada mais... Eu estava de costas, o R. nem tempo teve de ver para que lado a aliança tinha caído... Ficamos petrificados a olhar para aquela paisagem imensa pois não queriamos acreditar que a aliança tinha caído ali...

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O R. só acreditava que ela tinha caído lá em baixo, já eu colocava a hipótese de ter ficado em cima... Felizmente dava para descer aquela ravina, procuramos em todos os cantos... Às tantas chegava um grupo de ciclistas espanhóis, que deviam se questionar que raio fazíamos ali... Mas nós não queríamos partilhar a história pois corríamos o risco que alguém a encontrasse primeiro do que nós...

Apesar de andarmos mais de uma hora a procurar em todos os cantos e esquinas, no meio de pedras e ervas, a aliança não deu sinal de vida...

 

Rico dia de aniversário... É óbvio que começamos logo a divagar e demos por nós a pensar que com o dinheiro da aliança estávamos bem a viajar no próximo fim-de-semana... Mas não era isto que ía estragar o meu dia, mas sabia que era isto que ficaria como memória dos meus 40 Anos...

Fartos de procurar, viemos embora, mas prometemos que iríamos voltar com um detetor de metais, antes de comprarmos novamente outra aliança... Esta tinha um significado muito Especial....

No final do dia, quando nos encontramos com os nossos amigos e familiares, foi a primeira história que contamos... Deu logo "pano para mangas"... E no meio da desgraça, a história não deixava de ter bastante graça... 

Cada um dava a sua graça e a sua opinião, mas todos eram unânimes que devíamos procurar novamente...

No meio de tanta partilha, alguém teria um detetor de metais, e foi exatamente o meu sogrinho que o conseguiu... 

 

Teríamos agora a sorte que precisávamos?!

(O resto fica para contar num próximo post...)

 

 

 

SEXTA-FEIRA 13

Acreditem que eu não sou nada supersticiosa mas que há coisas estranhas que nos acontecem nestes dias é verdade... A mim, foi a primeira vez que me aconteceu...

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Na sexta-feira passada, saí do trabalho e lembrei-me que tinha umas compras para fazer... Ía com ideia de ir comprar umas bolachas para o Martin, num supermercado tradicional onde os preços até são bem mais baratos mas cheguei lá, e ao fim de três voltas a andar à procura de um estacionamento, decidi vir embora e passar no shopping... 

Estacionei o carro no parque do shopping e decidi ir à minha carteira quando reparei que não estava na minha bolsa.... Nem queria acreditar!... Saí do carro e fui directa a uma máquina para ver se ainda conseguia sair do parque sem pagar pois tinha acabado de estacionar...

Maldito parque de estacionamento que mal entras e começas logo a pagar 45 cêntimos!!! Inadmissível a meu ver, mas também não me apetecia ir ter com o segurança para lhe mostrar o meu descontentamento...

Estava literalmente presa no parque de estacionamento do shopping, não tinha dinheiro para pagar o parque nem se quer ir às compras! Tinha duas soluções: ou pedia 50 cêntimos a alguém ou ligava a alguém para vir ter comigo...

Óbvio que liguei para os meus pais a explicar o que me tinha acontecido, e é nesse momento quando estou a pedir que terão que vir ter comigo, que encontro 50 cêntimos perdidos no carro... Saí disparada e fui fazer o pagamento na máquina, antes que o valor a pagar fosse outro...

Saí dali, voltei ao meu local de trabalho, onde tinha deixado a minha carteira e, como é lógico, fui para casa sem fazer nada do que tinha planeado pois tinha perdido a vontade de o fazer.

Escusado será dizer que pelo caminho "roguei umas quantas pragas" pelo tempo que perdi em vão... Estava tão bem era na cama...

Maldita sexta-feira 13!!!

BOLINHAS DE NATAL?!

Ontem quando cheguei a casa do trabalho, o Gui correu, todo contente, até mim... Na mão trazia 5 papéis pintados e recortados...

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Nada mais que 5 bolas de Natal! Ainda pensei que seria um trabalho feito no Natal, mas não, tinha sido feito ontem... Ainda pensei criticar negativamente aquela atividade feitas nos tempos livres, mas ele vinha tão contente que seria desagradável da minha parte se eu lhe fizesse isso...

A ele não lhe disse nada, mas o meu cérebro ficou perplexo com o investimento que é feito nas crianças...

 

Está certo que o clima que temos tido por aqui mais parece que vem aí o Natal, mas valha-me Deus se custava alguma coisa imprimir uns coelhos ou uns ovos de Páscoa para as crianças colorir! A isto eu chamo a lei do menor esforço... Para não ser desagradável e não lhe chamar outra coisa...

VAI MAS É À BRUXA...

No final de Janeiro o hospital anunciou que na nossa folha de vencimento iria aparecer um valor extra, um prémio dado a todos os funcionários (Prime PEPA): 1000 €!

Ficámos todos entusiasmados, havia só "um se não", o prémio seria descontado se o funcionário tivesse estado de baixa médica (a cada dia seria descontado um valor considerável).

 

O ano passado tinha faltado em dois períodos distintos, uns dias quando estive de baixa por ser caso contacto do R e um mês por ter testado positivo, por isso achei que não iria receber o tal prémio...

E embora a maior parte das pessoas achasse que não se justificasse, assim que recebi o salário na conta bancária descobri que não tinha recebido rigorosamente nada...

 

Esperei pela folha de vencimento para ver o que aparecia discriminado e para o meu espanto não aparecia nada mencionado... Nesse dia, cruzei-me com uma colega que tinha tido Covid duas vezes, o ano passado, e ao contrário de mim, descobri que ela tinha recebido o prémio porque as "faltas por Covid-19 não interferiam com o pagamento do prémio". 

Peguei na minha folha de vencimento, dirigi-me aos recursos humanos e perguntei porque motivo não tinha recebido o prémio quando as minhas ausências foram motivadas pelo COVID... Quase sem olhar para mim, disseram que não sabiam o motivo da minha baixa médica e ainda tiveram o cúmulo de dizer que eu não tinha avisado nem enviado o resultado do meu teste positivo, e que agora seria tarde uma vez que as "contas já estavam fechadas"... Fiquei incrédula a ouvir tudo aquilo respondi que toda a gente sabia que eu tinha tido Covid naquela altura, pois tinha coincidido com o período do início da vacinação anti-Covid, além disso em momento algum alguma alguém me pediu o resultado do meu teste positivo como prova, sem falar que não estávamos a falar de um prémio de 10€... 

No final, acabaram por dizer para enviar o teste por e-mail e logo viam o que podiam fazer, mas eu não fiquei satisfeita, e além de descobrir que afinal as tinha avisado de tudo isso por e-mail (tinha-me esquecido completamente, o que vale é que tinha todos os e-mails guardados), reuni todas as provas, pedi ao meu médico um certificado de doença e enviei tudo à Directora.

Um dia depois de ter enviado os documentos por e-mail, voltei aos recursos humanos e entreguei os documentos, com a certeza que o meu problema seria finalmente resolvido... Agora é esperar o final deste mês para ver se me pagam o que me devem...

 

Acho que o R. tem mesmo razão quando diz que tenho mesmo que ir à Bruxa... Só a mim para me acontecer isto!

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O DRAMA DA INDIFERENÇA HUMANA

Aconteceu em Paris

Foi apenas hoje notícia, mas o caso aconteceu na passada quarta-feira, dia 19 de Janeiro... Um fotógrafo famoso, René Robert, morreu aos 84 anos após uma queda numa rua de Paris (na rue de Turbigo).

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Por volta das 21h, René Robert saiu para passear pelas ruas da capital depois de ter jantado num restaurante. Incapaz de se levantar após uma queda, permaneceu no chão, no frio, por nove longas horas. Ninguém se indignou a prestar assistência, e só ao fim de 9 horas, por volta das 6h30, é que um sem-abrigo, intrigado por ver o corpo de uma pessoa no chão, pediu ajuda! Encontrado em extrema hipotermia, já nada pôde ser feito, mas talvez a sua morte pudesse ter sido evitada. As razões da sua queda ainda não são conhecidas, mas em nada muda o desfecho desta tragédia. 

Esta pessoa permaneceu sozinha no chão, consciente, pelo menos nas primeiras cinco ou seis horas num dos bairros mais movimentados de Paris, sem que ninguém ficasse minimamente sensibilizado para o poder ajudar.

Este trágico fim de vida é um dos tristes exemplos que mostra bem o nosso comportamento e a nossa solidariedade com nosso próximo...

É o verdadeiro drama da indiferença hunana que se vê muitas vezes aqui... E infelizmente, cada vez mais, principalmente em grandes cidades como esta!

CONTADO NINGUÉM ACREDITA

Super Promoções

Noventa e quatro cêntimos, o preço de uma garrafa de 500 ml do famoso Listerine. É surreal a diferença de preços que existe, em determinados produtos, quando comparados com os valores praticados em Portugal... received_712638516359182.jpeg

É tão surreal para mim que achei que tinha mesmo que partilhar isto com vocês... 

(Escusado será dizer que comprei 6 garrafas para colocar em casa, o número máximo que podemos comprar a este preço...)

MAUS TRATOS

Contado Ninguém Acredita

Nunca mais abordei a conversa que a directora da escola do Gui teve comigo em Abril, um dia antes do confinamento... Mais uma situação marcada pela negativa que ficará guardada para sempre na minha memória... Vamos começar do princípio para enquadrar melhor o que se passou...

 

Aqui em França, aos 3 anos, quando as crianças entram para a escola existe uma avaliação de saúde feita por um médico e uma enfermeira escolar que passam para avaliar os alunos, nomeadamente a visão... Com o aparecimento da Pandemia, o Gui não fez esses testes no primeiro ano que entrou, por isso a avaliação foi feita no início do segundo ano escolar, mais precisamente em Outubro de 2020. Nesse dia, quando fui buscar o Gui à escola, a professora do Gui abordou-me e falou-me que o Gui muito provavelmente teria sérios problemas de visão, segundo a avaliação que tinha sido feita pelos profissionais de saúde, e por isso teria que consultar com alguma urgência um oftalmologista...

 

Fiquei incrédula com aquela avaliação e comecei a imaginar o que teria realmente acontecido: o Gui super incomodado com aquela avaliação, a não olhar para ninguém e a não responder... E as pessoas a achar que ele não respondia porque não via nada! Típico do Gui: fora de casa super tímido e mudo e dentro de casa exactamente o oposto! Expliquei à professora que não estava convencida com aquele resultado mas que iria consultar um oftalmologista rapidamente...

 

E assim foi, marcamos consulta no primeiro oftalmologia de crianças que nos apareceu disponível, e naquele dia tirei as dúvidas: mal entrou no consultório o Gui não disse uma única palavra e mal olhava para a pessoa que o estava a avaliar...

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Nem imaginam como me senti mal, tinha -lhe pedido para colaborar, e até lá dentro quase lhe supliquei para dizer alguma coisa nem que fosse em português... Mas nada adiantou, não deu uma palavra, e a oftalmologista disse que faria então outra consulta mas teria que colocar umas gotas antes... Peguei na prescrição médica, e disse que depois marcava a consulta através do site, pois não conhecia as minha disponibilidades... Na realidade, não tinha gostado nadinha da forma como o Gui tinha sido abordado, cheia de pressas e sem qualquer empatia, mesmo eu explicando previamente como ele era...

 

Entrei no carro e o Gui começou e dizer tudo o que tinha visto, e questionei-o porque motivo não tinha respondido dentro do consultório... É óbvio que não me deu nenhuma justificação plausível, mas eu sabia como ele era e estava consciente que tínhamos um trabalho difícil pela frente...

 

Expliquei à professora o sucedido e disse-lhe que não o ía levar de imediato a outra consulta, que preferia esperar mais um meses até eu o sentir menos tímido, porque este isolamento social todo não o tinha ajudado em nada, que seria mais uma perda de tempo e dinheiro se o fizesse novamente num curto espaço de tempo... Reforcei-lhe que não achava que ele tivesse problemas graves de visão, e que se os tivesse seriam mínimos pois nunca vimos nada de anormal nele... A professora parecia ter concordado, e nunca mais tornou a falar do assunto...

 

Passados 6 meses, a "enfermeira escolar" voltou a passar na escola e fez uma reflexão escrita de que o Gui provavelmente "precisaria de óculos porque escrevia com a cabeça muito colada à folha"... Comecei a imaginar de novo o motivo de tal comportamento: "não querer ser visto ou simplesmente esconder-se... Como seria a abordagem feita por aquela enfermeira?!"...

Naquela semana, fui à escola saber da avaliação do Gui e, sem eu abordar o assunto, a professora disse que também achava que o Gui não tinha nenhum problema de visão grave...

O mais estranho é que uns dias mais tarde a directora da escola teve um comportamento inesperado... Nesse dia, vou levar o Gui à escola, e a directora chama por mim e diz-me que precisa urgentemente de falar comigo porque o Gui tem problemas sérios de visão e eu não me preocupo em levá-lo a um especialista... Por isso, se continuar assim será obrigada a fazer uma "sinalização de maus tratos"!

Nem queria acreditar no que acabava de ouvir, e por uns segundos respirei fundo para não perder a razão, e disse-lhe que achava muito estranho as acusações que ela acabava de me fazer quando na semana passada a professora do Gui tinha falado comigo... Tive que lhe dizer que também eu era profissional de saúde, e se estava a agir assim era por conhecer o meu filho, e que se havia alguém preocupado com ele, era eu!

O cúmulo foi quando ela ainda teve a lata de me dizer que se eu era profissional de saúde ainda era mais grave pois devia estar mais atenta!!! Mais atenta ao quê?! Nem sei como não me passei quando ela fez estas insinuações... E embora estivesse revoltada por dentro, mantive o meu ar super calmo e seguro... Falei-lhe do quanto era difícil colocar o Gui a falar com estranhos, expliquei que era impossível força-lo a falar quando ele simplesmente não queria e disse-lhe que até para mim era muito complicado esta situação porque não compreendia porque motivo ele era assim fora de casa... E disse-lhe que esta Pandemia era a grande responsável por tudo isto pois vivíamos muito isolados agora. No final, disse-lhe que iria marcar uma nova consulta, mas num oftalmologista de confiança, indicado pela Pediatra do Gui, mas que não podia prometia nada...

 

Entretanto, fui à Pediatra do Gui e contei-lhe o sucedido, também ela ficou indignada com aquelas acusações vindas de uma directora de uma escola... A Pediatra ainda tentou ligar para a "enfermeira escolar" para tentar perceber o que se passava mas não estava a trabalhar naquele dia, por isso uns dias mais tarde liguei eu e falei com ela... Enquanto isso, e no mesmo dia, a Pediatra tentou fazer um teste simples de visão, mas mais uma vez o Gui nem uma palavra deu... Gentilmente a Pediatra emprestou-me o material para fazer o teste e disse para eu fazer em casa e o R. filmar para ela ver o resultado... E assim foi, em casa o Gui respondeu tudo direitinho...

 

Mesmo assim, estava determinada a marcar uma nova consulta de oftalmologia, desta vez alguém que tivesse referências... Liguei para a Oftalmologista que a Pediatra me aconselhou e conseguimos consulta 3 meses depois...

 

Quanto à Enfermaria escolar não me inspirou confiança nenhuma, mal me deixou falar, e ainda me aconselhou levar o Gui a um psicólogo porque ela já tinha feito centenas de testes e nunca tinha encontrado uma criança como o Gui, e que não tinha que me sentir mal em pedir ajuda a uma psicóloga pois também ela tinha levado uma vez a filha dela... Sem me conhecer, sem me deixar falar, fez uma série de observações que me deixaram completamente estupefacta, disse-lhe que o problema disto tudo era estarmos isolados/confinados há mais de um ano e que o mais grave disto tudo foi ter a directora da escola a ameaçar-me com uma sinalização de maus tratos!!! 

 

O resto da história fica para um próximo post...

VOILÁ LA FRANCE

Contado ninguém acredita

Lembram-se daquela história da electricidade, de Julho de 2019?! Aquela que ao fim de 8 meses ainda não estava resolvida...

Pois é, passados 22 meses tudo continua praticamente igual!!!

Desde essa altura, fartei-me de fazer telefonemas a reclamar, a contar vezes sem conta a mesma história até que no final do ano passado decidi escrever uma carta registada, com aviso de excepção, a explicar todo este pesadelo... A carta foi recebida e depressa ligaram a informar que seria um processo demorado para resolver...

Só há uns 15 dias é que voltaram a ligar para dizer o mesmo: que estavam debruçados no nosso problema, mas que ainda iria demorar! 

Demorar quanto tempo mais?! Mais 2 anos?! Nessa altura, se tudo correr bem, já não estaremos cá... Enquanto isso a factura de electricidade acumula-se porque nunca mais pagamos nada, nem podemos mudar de fornecedor porque nem contrato temos e para mudar seria necessário uma factura recente de electricidade... 

Ontem fez-se então luz e um técnico da Enedis veio finalmente a casa para comprovar o que há muito já sabíamos: o nosso contador de electricidade está trocado com o do nosso vizinho!!! Fico sem perceber como raio foi possível só agora vir cá alguém... O cúmulo é que quando questionei o técnico se este tipo de situações era frequente, ele disse que sim, principalmente no loteamento onde moramos!!!

Falta agora saber quanto tempo mais vai ser preciso esperar para fazerem os cálculos todos necessários... E cá para mim, tenho as minhas sérias dúvidas que eles consigam chegar um dia a algum valor que corresponda à realidade...

Confesso que até tenho medo do dia em que iremos ver essa conta de electricidade...

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PREÇO PARA ACOMPANHAR BEBÉ NO INTERNAMENTO

Sistema de Saúde Francês

Quase 3 meses depois do Martin ser internado, recebo uma factura para pagar do hospital... Estava à espera de muita coisa, mas não de uma conta para pagar das duas noites em que eu fiquei, no Serviço de Pediatra, para acompanhar o Martin!  

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14.5€ cada noite... Isto sem contar que estamos a falar de um hospital público.... Deve ter sido para pagar o aluguer do sofá/cama onde fiquei instalada... Porque nem um copo de água tive direito.

Depois do pagamento, enviei o comprovativo de pagamento para o seguro, falta agora saber se vão reembolsar...

20 ANOS ENGANADA

Coisas do dia-a-dia

Será que só fui eu que andei este tempo todo enganada na forma mais correcta de se colocar o ambientador na sanita?! 

Confesso que sempre achei bastante estranho e pouco funcional cada vez que o colocava na sanita, tal como se vê na imagem da esquerda...IMG_1756.JPG

Foram precisos 20 anos (ou até mais) para descobrir a forma mais correcta de o colocar! 

Quem mais andava enganado?!

 

CANTINA ESCOLAR EM TEMPO DE CONFINAMENTO

Coisas que ninguém fala...

Tal como relatei no post de ontem, o governo francês estabeleceu quais os profissionais que podem deixar os filhos em escolas/tempos livres durante o período de emergência (entre os quais serviços de saúde, apoio social e forças de segurança), mas o que o governo francês não se preocupou foi em assegurar que a cantina desses estabelecimentos funcionasse. Com isto, cabe aos pais assegurar que os filhos levem para a escola o almoço, que deve ser frio de forma a comerem em "piquenique". 

Ora, o Gui que não gosta nada saladas nem de comidas frias nem imaginam o quanto fica difícil tentar variar a alimentação dele. Acho inadmissível que crianças tão pequeninas tenham que ser privadas de uma refeição dita "normal", não basta os nossos filhos terem que ser privados da nossa presença em tempos de confinamento?!

O que vale é que nestas 3 semanas de confinamento o Gui irá, em média, 2 dias por semana, caso contrário ficaria complicado ter que gerir tudo isto...

E é desta forma que o governo francês se preocupa com quem não pode reclamar...  

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QUANDO A ESTUPIDEZ FALA MAIS ALTO

Enfermeira em tempos de Pandemia

Tinha que partilhar com vocês um episódio que aconteceu no serviço onde eu trabalho, fez ontem 8 dias... O serviço tem três alas, sendo que uma das alas era para doentes Covid... Até que no domingo, dia 17 de Janeiro, uma das doentes da ala não Covid teve a visita do filho...

 

Basicamente, aqui, os doentes internados no hospital que não estejam numa ala Covid podem receber uma visita por semana, de 1 hora, no máximo de duas pessoas, sendo que essas pessoas têm que assinar uns documentos de como se comprometem a respeitar as normas que estão em vigor devido a esta Pandemia (uso de máscara cirúrgica, nao abraçar nem beijar o doente, etc...) e é lhes recomendado fazer um teste para despiste à Covid...

 

Nesse dia, tudo parecia correr normalmente, até que uma colega passou na ala e se apercebeu que o filho da senhora tinha o nariz "fora da máscara", tocava em tudo e mais alguma coisa, estava sentado na cadeira de rodas e na bacia do banho tinha colocado algum lixo... A minha colega, tentou de forma simpática, demonstrar-lhe que não estava a agir correctamente e que estava a colocar em risco, não só a mãe como os doentes daquele sector... Mas o senhor, achou que tinha toda a razão e num tom arrogante ainda a confrontou dizendo:

- E então, o que me vai acontecer?! Nada.

Nisto, e ainda na presença da minha colega, o senhor, dirige-se à mãe, retira a máscara, beija-a na boca e vai-se embora!

 

A seguir a minha colega participou o caso ao administrador do hospital, que estava de serviço naquele dia e, no dia seguinte, o médico ligou ao dito senhor o qual o informou que ficava proibido de visitar a mãe... A estupidez era tanta que o senhor ainda teve o descaramento de insultar o médico... Estamos a falar de uma doente desorientada, com cerca de 80 anos, que tem um cancro, e de um filho que deve ter uns 50 e muitos anos...

 

Quando fui trabalhar, na terça-feira, e me contaram o caso nem queria acreditar nesta falta de civismo. O pior é que 4 dias depois, a senhora, e mais alguns doentes da ala começaram a apresentar febre e outros sintomas Covid... Fizeram o teste para despiste da doença e o resultado foi o mais temido: COVID-19 POSITIVO!

 

Eu, que tinha programado a minha primeira vacina para sexta-feira, dia 22 de Janeiro, não a pude fazer, porque exactamente no dia que fui trabalhar naquela ala, fiquei com alguns sintomas que podem ser Covid...

- "Constipação ou Covid, o melhor é tirar a dúvida antes de se vacinar!" - disse-me a médica do hospital. 

 

Com esta atitude egoísta e irresponsável, tornamos a ficar com duas alas Covid, e eu não pude ser vacinada! Hoje lá vou ter que fazer o teste para despistar se estou negativa para fazer a vacina ainda esta semana... 

 

É surreal como ainda existem pessoas que não acreditam na gravidade desta Pandemia... A isto, eu chamo de ESTUPIDEZ!!!!

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