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As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

As Nossas Voltas

A vida dá muitas voltas, e foi numa dessas voltas, que nos tornamos emigrantes e viemos parar a Paris. Um blog sobre um pouco de mim, um pouco de nós, o dia-a-dia e não só.Simples mas cheio de ternura e dedicação!

QUANDO OS SANTOS AJUDAM

Parte 2

Quando contamos a história da nossa aliança perdida várias pessoas diziam que ía aparecer, só tínhamos que acreditar e "ler o responso com devoção"...

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O R. sempre ficou incrédulo (e duvido até que tenha olhado uma única vez para o texto), já eu confesso que sempre acreditei que a aliança fosse aparecer... E o "responso", para mim, era uma "ajudinha extra"!

Li o texto duas vezes naquele mesmo dia, só voltei a lê-lo mais 2 ou 3 vezes no sábado a seguir, quando o R. e o meu sogrinho íam a caminho do Cervo de Cerveira...

Foram os dois às 6h30 da manhã no sábado logo a seguir pois não queriam encontrar ninguém por lá e quanto mais tempo passasse menor talvez fosse a probabilidade de a encontrar...

Vasculharam pedras, pedrinhas, ervas daninhas e mato, com o detetor de metais a tocar a cada pedaço de metal encontrado... Aí fim de uma hora e tal o desânimo era grande... Enquanto eles exploravam cada cantinho, chegava um autocarro cheio de turistas para visitar o local...

Felizmente, nos últimos minutos, já quase a desistir, quando o R. decidiu procurar uma última vez, na parte de cima onde a aliança tinha saltado, no momento que se ajoelhou ao chão, viu a aliança reluzir no chão!

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Parecia mentira, estava praticamente visível e bem perto do local onde tinha saltado (mesmo ao lado onde está o papel que o R. colocou só para mostrar onde ela estava)!

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Ainda hoje não sabemos como raio não a vimos ali naquele dia... Eu cá acho que o "Responso" explica isso...

Felizmente a história teve um final feliz, mas independentemente do resultado que esta teria, sabíamos que esta ficaria gravada para sempre na nossa memória, para ser contada até sermos velhinhos! 

 

E por aí, quem já passou por algo semelhante?!

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

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Estes dias fiquei fascinada com uma senhora que está hospitalizada onde eu trabalho... Orientada, praticamente independente, apenas uma ajudinha para as actividades de vida diária já que o coração dela vai ficando cansado e frágil... Com um olhar doce e um ar sereno que cativa qualquer pessoa que se cruza com ela... Ninguém diria que ela tem 107 anos! Fiquei parva quando olhei para o computador e vi a idade daquela idosa... Contou-me que ficou viúva quando tinha 62 anos, perdeu o marido devido a um "cancro fulminante"... Na altura, vivia sozinha, não tinha carta de condução pois era o marido que a levava a todo o lado... Arregaçou as mangas e tirou a carta de condução nessa altura, pois não queria depender dos vizinhos nem da filha... Viveu sozinha até aos 105 anos, altura em que o médico de família aconselhou-a a ir viver para a casa da filha, que também era viúva e tinha 80 anos... Duas mulheres incríveis que ninguém diria a idade que elas têm... 

 

Ninguém conseguiu ficar indiferente a esta senhora... Assim vale a pena viver... De repente, e ainda no hospital, eu e os meus colegas demos por nós a divagar e a pensar que se esta senhora tivesse vendido a casa no modo "viager" a pesssoa que tivesse feito o negócio com ela tinha perdido...

 

Sabem o que quer dizer  "viager"?

O "viager" é uma forma de venda imobiliária que existe, cá em França, onde a pessoa  vende o seu apartamento ou a sua casa tendo como garantia uma renda vitalícia (la rente viagère) e um capital inicial (le bouquet). De uma forma geral, os proprietários  são idosos viúvos e sem filhos ou família que vendem os seus imovéis a preços mais baixos do valor de mercado. Por exemplo, Um apartamento avaliado em 300 mil euros é vendido a 150 mil euros de entrada + 500€ de mensalidades. A pessoa compra o imóvel mas não o leva imediatamente, pois é preciso esperar que o proprietário morra... É aqui que fica complicado pois as pessoas ficam a rezar para que o proprietário "bata a bota" depressa para o negócio ser mais rentável e poderem instalar-se na casa.

 

"Mas, de onde é que os franceses tiraram esta ideia?"

A ideia do "viager" surgiu porque haviam muitas pessoas que morriam e não tinham família e acabavam por deixar imóveis caríssimos ao Estado. Desta forma, uma família pode comprar com mais facilidade uma casa, e ao mesmo tempo pode garantir uma vida mais confortável ao reformado. Ambos beneficiam, porque o reformado, além de receber o "capital inicial" de entrada, recebe uma quantia todos os meses e tem a garantia de poder continuar a viver na sua casa até morrer, e o comprador pode ter a sorte de economizar até 50%.

 

O "viager" é, antes de mais, um enorme risco para quem compra, porque não se sabe quantos anos o proprietário vai viver. Existe um caso famoso aqui em França que retrata bem esse risco... Jeanne Calment, uma viúva de 90 anos e mãe de dois filhos já falecidos, vendeu a sua casa para um casal (o homem tinha 47 anos na época) e recebia todos os meses uma boa quantia de renda. Trinta anos depois, quando o comprador faleceu aos 77 anos, a proprietária continuava viva e cheia de saúde. A esposa do comprador teve que continuar a pagar as mensalidades até que Jeanne falecesse, aos 122 anos de idade! No final, a casa custou duas vezes mais o valor negociado.

 

Mesmo assim, existem muitas pessoas que arriscam e compram casa nesta modalidade, existindo para isso até sites especializados, onde para além da descrição tradicional, existe também a idade dos proprietários. Pessoalmente, confesso que não conseguia fazer uma compra dessas até porque azarada como sou, tenho a certeza que só iria perder dinheiro!

 

E vocês, comprariam uma casa nesta modalidade?