RASTREIO DAS ANOMALIAS CROMOSSÓMICAS POSITIVO
Depois que fiz a ecografia do primeiro trimestre fiquei muito mais descontraída, afinal o médico tinha verificado que estava tudo certinho... Com a azáfama do dia-a-dia, e como na gravidez do Gui tudo tinha corrido dentro da normalidade, nunca mais me lembrei do resultado do rastreio das anomalias cromossómicas... Até que 15 dias depois, numa sexta-feira à tarde, mais precisamente no dia 25 de Janeiro, o meu telemóvel tocou...
Por norma, nem costumo atender chamadas de números que não conheço, nas naquele dia, não sei porquê, atendi... Acabava de receber uma chamada do Hospital onde tinha feito a ecografia do primeiro trimestre, tinham recebido o resultado do rastreio das anomalias cromossómicas, e a enfermeira parteira queria comunicar-me que o resultado era positivo... Naquele instante o meu coração deve ter parado uma fracção de segundos, fiquei sem palavras, e tenho a certeza que passei de pálida a transparente... Não queria acreditar no que estava a ouvir... No mesmo instante, e ainda do outro lado do telefone, sempre com uma voz serena, a enfermeira explicava que tudo não passava de uma probabilidade, e que para tirar as dúvidas teria que dirigir-me ao meu ginecologista...
Azar ou não, o meu ginecologista estava de férias desde Dezembro e só recomeçava a trabalhar em Fevereiro... Gentilmente, marcou-me de imediato uma consulta para a terça-feira que se aproximava, altura em que iria fazer uma nova análise... Do outro lado, a enfermeira, não quis entrar em muitos detalhes, apenas me quis informar da forma mais tranquila, mas eu precisava de saber mais sobre o assunto... Não estando eu a trabalhar na área da obstetrícia, e tendo em conta a evolução da ciência, queria saber concretamente o que iria ser feito a seguir...
Mal desliguei a chamada senti que não podia guardar aquela informação só para mim, mas também não queria partilhá-la com toda a gente, tinha que contar ao R.... Liguei-lhe, expliquei o que se passava, mas não quis passar o pânico que este telefonema tinha causado em mim... Felizmente naquele dia não estava a trabalhar, estava numa formação do hospital, mas após aquela chamada telefónica nunca mais consegui ouvir a formadora...
O meu objectivo era chegar agora a casa e fazer uma pesquisa aprofundada do tema, pois estranhei a enfermeira não ter mencionado que teria que fazer algo mais invasivo... E realmente não tinha... Descobri que, desde o dia 18 de Janeiro, a forma para verificar o rastreio tinha sofrido alterações... Havia uma nova análise ao sangue que era feita, totalmente gratuita, o teste de ADN!
O teste de ADN é proposto à grávida sempre que um rastreio de anomalias cromossómicas é positivo, aqui em França é conhecido por DPNI - Dépistage prénatal non invasif. O teste, surgiu como forma de substituir a chamada amiocentese, e passou a ser proposto às grávidas em função da probabilidade do risco, isto é, o teste aplica-se se o risco se situar entre 1/1000 e 1/51. No entanto, se o risco fôr superior a 1/50, é indispensável fazer uma amiocentese. No entanto, esta técnica baseada no ADN, que tem uma precisao de 99%, não evita a 100% o recurso a uma amiocentese, pois quando este teste também é positivo, o último recurso será sempre a amiocentese.
A enfermeira tinha falado, ao telefone, de uma análise, por isso rapidamente deduzi que os valores de risco que apresentava eram pertinentes para fazer o teste de ADN (DPNI)...
Sabíamos que o primeiro resultado era apenas uma estatística, mas era impossível não pensar que existia uma probabilidade... Decidimos que não falaríamos disto a ninguém, até porque não queríamos causar nenhum tipo de preocupação...
Tal como estava então programado, na terça-feira seguinte, dirigi-me ao hospital para fazer a colheita de sangue. Foi-me explicado da forma mais superficial em que consistia e foi-me dito que o resultado demorava cerca de 10 dias... Estava perfeitamente esclarecida do que tinha feito, até porque tinha feito uma pesquisa aprofundada, mas... 10 dias?! Calhava exactamente no dia do meu Aniversário...
Felizmente o resultado veio mais cedo, precisamente no dia 5 de Fevereiro... O meu coração bateu a mil assim que vi aquele número a tocar no meu telemóvel.... Respirei fundo, e do outro lado, reconheci logo a voz da enfermeira, aquela que me tinha telefonado na primeira vez e me tinha feito a colheita de sangue... Sem rodeios informou-me que podia "respirar tranquilamente, que o teste era negativo, não havia nada para me preocupar mais"... Confesso que mal ouvi aquelas palavras, chorei de alegria e agradeci por me ter telefonado assim que os resultados chegaram!
Liguei ao R., mas como estava a trabalhar, não me atendeu a chamada, deixei-lhe então uma mensagem para que ele também pudesse "respirar sem mais preocupações"...
Durante todo aquele período de espera, o R. preferiu não se pronunciar muito pois segundo ele o importante era termos resultados concretos... Talvez até fosse uma maneira de me tranquilizar, mas mesmo assim era impossível para mim não pensar que poderia ser positivo... No dia, coloquei mil e umas hipóteses, pensei nas mais variadas situações, mas há medida que os dias de espera foram passando, e por incrível que até possa parecer, fui ficando mais tranquila... Com o tempo cheguei à conclusão que não me restava se não esperar e acreditar que no final tudo ía acabar bem, independentemente do resultado!
Felizmente, tudo não passou de um falso alarme, mas a partir daqui passei a ficar muito menos descontraída... Acho que aquele medo de que "alguma coisa pode não dar certo", que sempre tive com a primeira gravidez, voltou a surgir... Afinal, toda a gente sabe que não existem duas gravidez iguais... E esta experiência foi a prova disso mesmo!