NÃO ACONTECE SÓ AOS OUTROS - PARTE 2
Ao fim de um ou dois dias a febre do Gui tinha passado, já a tosse manteve-se durante cerca de uma semana e meia... O grande problema era evitar que o Gui entrasse em contacto com o Martin e cumprisse direitinho com a lavagem das mãos, o tossir para o cotovelo, o evitar o contacto até connosco...
O R., desde o primeiro dia, passou a dormir no quarto do Gui, e assim foi durante 15 dias, o tempo de uma quarentena... Apesar de tentarmos ao máximo proteger o Martin, no dia seguinte do Gui ter ido à Pediatra, o Martin começava também a ter tosse seca... Andou uns três dias assim, depois passou a tosse produtiva.... Nunca fez febre... Até que uma semana depois, exatamente no dia 1 de Abril, o quadro do Martin agravou-se, começou a ficar com bastantes secreções e uma respiração ruidosa e abdominal... Liguei à Pediatra e no mesmo dia tivemos consulta... Depois de ser avaliado, a Pediatra confirmou o que era quase previsível: muito provavelmente o Martin estava infectado com o mesmo vírus que o Gui, além disso tinha uma bronquiolite e uma otite.
Apesar deste quadro, e por incrível que possa parecer, o Martin apenas tinha alterações a nível respiratório, o resto estava em excelente forma: nunca teve febre, nunca perdeu o apetite, nunca vomitou e manteve sempre a energia a 100%! Foi medicado com uma série de medicamentos, entre eles um antibiótico, e tomou a medicação da forma mais exemplar possível.
Confesso que a energia contagiante do Martin foi o que mais nos inspirou e deixou optimistas. Não vou negar que tivemos receio que algo pudesse correr menos bem, até porque à medida que o tempo passava, o panorama aqui em França não era o mais animador...
Contamos apenas a algumas pessoas o que estávamos a vivenciar, e só o fizemos porque era impossível esconder a tosse do Gui e do Martin cada vez que falávamos em videochamada...
E se por um lado procuramos proteger os outros para não se preocuparem connosco, por outro sentíamos uma vontade enorme de contar a toda a gente aquilo que estávamos a vivenciar pois queríamos que as pessoas vissem que isto não acontece só aos outros.
Felizmente, a nossa história teve um final feliz, mas existem muitas outras que não tiveram a mesma sorte, daí que seja fundamental mantermo-nos unidos na luta deste inimigo invisível porque o fundamental é prevenir!