ALEITAMENTO MATERNO - PARTE 1
Não sei se é pelo facto de ser enfermeira ou não, mas se há tema que eu considero importante na gravidez é o "aleitamento materno". Por isso, quando frequentei as aulas de preparação para o parto fiquei na espectativa de aprender qualquer coisa nova e estava curiosa por saber a forma como este tema iria ser abordado...
Infelizmente, a enfermeira parteira que fez a formação surpreendeu-me negativamente na abordagem deste tema, já que não houve um único momento em que ela incentivasse o aleitamento materno, nem falasse das vantagens e da importância do mesmo! Fiquei chocada com o facto dela não o ter feito, pois sendo ela profissional de saúde, cabia-lhe a ela transmitir as directivas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos seis meses de idade (a partir daqui, o pediatra deve orientar a mãe na introdução de novos alimentos), de forma a esclarecer e desmitificar ideias.
Basicamente a ideia que ela passou é que, sendo a França um país livre, cabe a cada mulher decidir o que é melhor e mais prático para ela e para o bebé (até parece que a França é o único país livre)! Por isso, decidi que seria interessante partilhar com vocês tudo sobre este tema de forma a poder ajudar mães ou futuras mães, como eu, a optarem por este tipo de alimentação.
O tema será desenvolvido em 3 partes (3 posts diferentes), pois achei que seria demasiado exaustivo colocar tudo num único post. Para começar, serão abordados os seguintes tópicos:
- Benefícios do aleitamento materno;
- Alimentação da mãe durante a amamentação;
- e Etapas da formação do leite materno.
BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO
1. PARA O BEBÉ
- Estabelece e reforça a ligação emocional mãe-bebé;
- Contribui para a formação do sistema imunológico do bebé, protegendo-o contra infecções respiratórias e intestinais, levando-o a ganhar peso;
- Promove o bom desenvolvimento mandibular, das estruturas da fala e da dentição;
- Tem um efeito protector a longo prazo contra a obesidade;
- Reduz a ocorrência do Síndrome da Morte Súbita;
- É o leite mais adequado, completo e equilibrado para o bebé.
2. PARA A MÃE
- Contribui para a diminuição da incidência de hemorragias pós-parto e, consequente anemia materna, pois a sucção do bebé auxilia na contração uterina, o que também ajuda na diminuição do útero ao tamanho normal (involução uterina);
- Ajuda na recuperação do peso no período pós-parto para um valor de peso anterior à gestação;
- Estabelece e reforça a ligação emocional mãe-bebé;
- É gratuito, está pronto a qualquer hora e na temperatura certa (o que facilita a vida da mãe, e do pai, que não precisará de aquecer biberões, lavar utensílios de cozinha, entre outros);
- Diminui o risco de cancro da mama pós-menopausa, cancro de ovário, osteoporose, doenças cardíacas, entre outras.
Perante tantos benefícios, tanto para o bebé como para a mãe, torna-se fundamental incentivar o aleitamento materno junto das grávidas!
ALIMENTAÇÃO DA MÃE DURANTE A AMAMENTAÇÃO
A alimentação da mãe durante a amamentação, tal como na gravidez, deve ser diversificada e nutricionalmente equilibrada. Além disso, é fundamental a ingestão de uma boa quantidade de água para ajudar na produção do leite, cerca de 2 litros, por dia.
O fundamental é usar o bom senso, assegurando o consumo, diário, de vegetais, frutas, carne, peixe, farináceos e produtos lácteos, evitando as bebidas alcoólicas (o álcool passa diretamente para o leite, pelo que pode interferir e prejudicar o desenvolvimento do bebé), e o consumo de bebidas estimulantes, como o chá e o café.
Não é preciso comer mais só porque se está a amamentar, o ideal é comer a quantidade suficiente para satisfazer a fome, sem se ficar obsecada pelo peso. A energia gasta para amamentar vai ajudar a mãe a emagrecer de forma lenta e gradual, sem ter de fazer dieta, devido à energia que é perdida durante a produção de leite.
À semelhança do que é recomendado durante a gravidez, evite tomar qualquer medicamento antes de consultar o seu médico ou farmacêutico.
ETAPAS DO LEITE MATERNO
É importante saber que a produção de leite é determinada pela acção hormonal na gestação e é aumentada quando ocorre o aleitamento materno de forma adequada, por isso quanto mais amamentar mais leite irá ser produzido.
Muitas mulheres pensam ter o "leite fraco", principalmente nos primeiros dias pós-parto pois acham que aquele leite amarelado e espesso, não vai ser suficiente para alimentar o bebé. Ora o que acontece, é que esse primeiro leite, chamado colostro, é fundamental para o bebé pois nele existem inúmeros anticorpos que a mãe passa para o filho, protegendo-o contra diversas doenças.
Quatro ou cinco dias após o parto, o colostro começa a mudar e passa para o chamado leite de transição.
Duas semanas depois, o leite passa a ser chamado leite maduro, o qual é dividido em leite do meio e fim. O primeiro apresenta cor acinzentado, e é rico em proteínas, lactose, vitaminas, minerais e água, no início da mamada; o segundo, mais no final da mamada, possui cor mais branca, e contém mais água e gordura. É por isso, que é importante que o tempo da mamada seja estipulado pelo bebé, de maneira a que ele possa esvaziar a mama e, desta froma, ingira os dois "tipos de leite".
Desde que não haja contra-indicação médica, toda mulher pode amamentar o seu bebé!
No post de amanhã, e ainda dentro do aleitamento materno, abordarei assuntos de extrema importância:
- Quantas vezes deve comer o bebé;
- Como saber se o bebé mamou o suficiente;
- e os Cuidados gerais a ter com as mamas.