Em seguimento do post de ontem, hoje venho falar da consulta de oftalmologia do Gui, que acabou por correr super bem depois de lhe termos prometido uma mochila que ele tanto queria... Diga-se que a oftalmologias também ajudou imenso pois nunca o pressionou fazendo a consulta ao seu ritmo, deixando-o à vontade.
O Gui foi capaz de ver tudo direitinho, embora algumas vezes sentia-se alguma hesitação... E quando lhe colocaram as gotas para dilatar as pupilas e a médica avaliou os olhos, verificou que afinal tinha uma hipermetropia bilateral.
Confesso que desconhecia este problema de visão, mas depressa descobri que é algo bastante frequente em crianças, sendo facilmente diagnosticada e tratada, mas para isso é fundamental que os pais estejam atentos.
É necessário estarmos conscientes que o sistema visual de uma criança não está completamente desenvolvido aos 4 anos de idade, muito pelo contrário, ele será aperfeiçoado até aos 10 anos. Nesta fase, muitos acidentes ou doenças podem comprometer o desenvolvimento visual, e quando não são tratadas rapidamente, podem resultar em défices visuais que não poderão ser corrigidos pela perda da janela de desenvolvimento global infantil.
1. O que é a hipermetropia infantil?
A hipermetropia, enquanto erro refrativo, origina sérias dificuldades para o olho focar os raios de luz. Ou seja, num olho normal, os raios refratam-se uniformemente sobre uma pequena área da retina para criar imagens nítidas, já num olho com hipermetropia, os raios de luz entram no olho concentrando-se atrás da retina, em vez de diretamente nela.
Uma criança que sofra de hipermetropia ocular está em constante esforço visual para ver com nitidez, sentindo deste modo mais dificuldade na visão ao perto do que na visão ao longe.
A luz pode concentrar-se atrás da retina por uma das três razões:
- o globo ocular é muito curto;
- a córnea não é suficientemente curva,
- ou o cristalino não é suficientemente espesso.
Existem 3 graus de hipermetropia:
- Ligeira, de 0 a 2 dioptrias;
- Moderada, de 2 a 6 dioptrias;
- Alta, superior a 6 dioptrias.
2. Quais são os principais sintomas?
- A criança esfrega frequentemente os olhos e lacrimeja. A luz gera desconforto visual o que a leva a preferir brincar ao ar livre, para não ter a necessidade de focar os objetos;
- Franze muito os olhos na presença da luz;
- Tropeça com mais facilidade;
- Revela dificuldade em reconhecer imagens;
- Converge excessivamente os olhos;
- Dores de cabeça frequentes.
3. Quais são as potenciais causas?
A maioria dos casos estão associados a fatores genéticos, por isso quando existem fortes suspeitas de história familiar de hipermetropia e estrabismo convergente, o exame oftalmológico deve ser antes dos 2 anos de idade. Quanto mais cedo for detetada maior será a garantia de recuperação visual.
No entanto, pode não existir histórico familiar, não fosse este o desvio de refração mais comum nesta fase etária.
Se no início a hipermetropia consegue passar despercebida, assim que as oscilações começam a surgir, a criança pode começar a manifestar irritabilidade, ardência nos olhos em conjunto com os sintomas já referenciados. O primeiro sinal de alerta poderá ser a alteração de comportamento.
4. Quais são os tratamentos da hipermetropia infantil?
Assim que é diagnosticada, pode ser facilmente corrigida com o recurso a óculos ou com lentes corretivas.
De uma forma geral, o grau da hipermetropia vai diminuindo à medida que o olho cresce e, a grande prova disso, é que algumas crianças deixam de usar óculos na adolescência ou na idade adulta. Outras, por volta dos 20 anos e, dependendo sempre do caso e da estabilidade do erro refrativo, poderão ser submetidas a uma cirurgia de correção.
A hipermetropia infantil de graus elevados, não corrigida, pode ocasionar estrabismo convergente (olhos desviados para dentro). Isso acontece porque a criança precisa de fazer muito esforço para focalizar, desta forma, o olho perde o alinhamento, ficando desviado para dentro.
A única coisa que o Gui sempre fez foi franzir os olhos na presença da luz, um sinal que acabamos por nunca valorizar... Além disso, a Pandemia acabou por atrasar este diagnóstico. A maior parte das crianças não sabe dizer se não vê bem, pois acredita que a visão que tem é normal, já que nunca viu melhor. Por isso, a mensagem que pretendo passar é de que a saúde ocular deve ser avaliada desde cedo, pois só assim é que conseguimos agir atempadamente de forma a evitar o comprometimento visual permanente (ambliopia), que está muitas vezes na origem nos problemas de aprendizagem e no desenvolvimento da criança. Por esse motivo, o Martin já tem a consulta marcada para o mês de Novembro, que segundo a oftalmologista já devia ter sido feito antes!
E por aí, já tinham ouvido falar da Hipermetropia Infantil? Quando foi que levaram os vosso filhos, pela primeira vez, a um oftalmologista?