GRAVIDEZ NÃO É DOENÇA
Ora aqui está uma frase que se ouve muito e que só quem já esteve ou está grávida, é que sabe o quanto pode ser desagradável ouvir: Gravidez não é doença! Ouvi e continuo a ouvir muitas vezes isso e sei que as pessoas não dizem por mal, dizem porque ouviram isso a vida inteira e acabam por repetir... Por isso, hoje resolvi escrever este post, na tentativa de explicar como esta frase pode causar alguma indignação, principalmente, a quem está grávida...
Dores de cabeça, dores nas costas, dores nos pés, dores nos seios, cansaço geral, sono, náuseas, vómitos, tensão arterial alta, tensão arterial baixa, cólicas, falta de ar, mudanças de humor… Tantos sintomas que poderiam se enquadrar numa lista de doenças, mas são na verdade “consequências naturais” da gravidez! Quando uma mulher engravida, um turbilhão de hormonas começa a trabalhar a mil à hora, e é nessa altura que o mal-estar começa...
A sério que ainda acham que é fácil andar enjoado e vomitar nos primeiros meses da gravidez?! Sem falar que há mulheres que vomitam durante toda a gravidez... No meu caso foram só mesmo as náuseas, no primeiro trimestre, mas chegaram bem para acordar todos os dias mal-disposta... Depois aparecem as dores nos seios, nas pernas, o sono (muito sono mesmo), o cansaço inexplicável, a prisão de ventre, alguma dificuldade em respirar, e por vezes até a azia... A barriga começa a crescer... É maravilhoso sim, mas também desconfortável... Pode-nos custar a sentar e deitar também, dormir então nem se fala, fica uma missão bem mais complicada!
O sangue no corpo da mulher grávida aumenta cerca de 50%, dá para acreditar?! O que significa que o coração tem que bater mais rápido, por isso fazer qualquer atividade física faz parecer que o coração vai saltar pela boca.
Temos ainda as famosas dores abdominais, que para muitas grávidas podem durar toda a gravidez, é o útero a crescer, que chega a aumentar de tamanho cerca de mil vezes para poder gerar o bebé. E os órgãos?! Esses começam a ficar cada vez mais apertados nas costas, pressionados contra o tórax e, não bastavam estarem comprimidos, ainda precisam de trabalhar o dobro! De forma a haver mais espaço, os músculos e os ligamentos da coluna ficam relaxados e curvam-se... Perto do final da gestação, quando o bebé já está maior, ele começa a empurrar os pulmões e a comprimir a bexiga... Os ossos do quadril começam a abrir e aparecem as dores na bacia, no púbis e na região baixa da coluna lombar...
E a tudo isto junta-se ainda uma maior fragilidade do sistema imunológico. A imunidade baixa é a porta de entrada para viroses que costumam atormentar a vida da grávida... Uma fase que requer cuidados redobrados visto que além de maior sensibilidade por conta das alterações naturais do corpo, o bebé depende da saúde e bem-estar da mãe para que possa se desenvolver de forma saudável.
E se na gravidez do Gui a minha imunidade baixa deu-me meia dúzia de constipações, nesta já tive direito a umas 3 ou 4 constipações, rinite alérgica, sinusite, e ontem mesmo gastroenterite (tudo porque o Gui apanhou uma gastroenterite esta sexta-feira)! Confesso que estou cansada de estar doente pois regra geral é raro andar doente, felizmente hoje já estou melhor... Só espero que até ao final da gravidez não seja apanhada por outras doenças...
Sei que todas estas sensações menos boas fazem parte da grande maioria das grávidas, e eu partilho aqui com vocês. Estes sintomas chatos que tanto nos atormentam, mas que no fundo sabemos que fazem parte e fazem-nos acreditar que está tudo bem lá dentro. No final tudo se explica de uma maneira simples: estamos grávidas. E quando dois seres dividem o mesmo corpo, muita coisa maravilhosa e emocionante acontece todos os dias... Mas, temos que concordar que nem sempre é fácil!